Nomeado cardeal há apenas seis anos, Tolentino é visto como um dos favoritos entre os 140 cardeais que terão direito de voto no próximo conclave.

Integrando a restrita lista de candidatos apresentados na plataforma Collegio Cardinalizio: Una Rassegna (O Colégio dos Cardeais: Uma Revisão), Tolentino surge com destaque entre os chamados “papáveis”. O site é apresentado como «a primeira iniciativa deste tipo e responde aos pedidos de tal recurso pelos cardeais, clérigos e leigos».

O projeto conta com o apoio da editora católica Sophia Institute Press e da revista Cardinalis, e é liderado por dois reconhecidos jornalistas especializados em temas do Vaticano. A iniciativa resulta do trabalho de «uma equipa internacional e independente de jornalistas e investigadores católicos que se uniram para ajudar os membros do Colégio dos Cardeais, fornecendo perfis detalhados dos cardeais que poderão ser papas».

Entre esses perfis, o de Tolentino de Mendonça destaca-se. É descrito como «um poeta, estudioso da Bíblia e educador no seu país natal, Portugal, e um prelado muito ligado à ala ‘progressista’ da Igreja, com uma estreita afinidade com o Papa Francisco».

O seu percurso é também valorizado: em 2018, foi escolhido pelo Papa Francisco para orientar os exercícios espirituais da Cúria Romana. Pouco depois, foi nomeado arquivista e bibliotecário da Santa Sé, sendo elevado ao grau de arcebispo. Atualmente, lidera o Dicastério para a Cultura e a Educação.

A sua figura, no entanto, não está isenta de controvérsia. O site refere que «Tolentino atraiu considerável controvérsia durante a sua vida sacerdotal, nomeadamente por simpatizar com abordagens heterodoxas e tolerantes à homossexualidade (embora nunca se tenha pronunciado publicamente contra o ensinamento da Igreja nesta área)».

Além da sua vertente teológica e pastoral, Tolentino é apresentado como «um leitor apaixonado e prolífico e amante da literatura; a sua poesia é muito apreciada pelos especialistas, mas notoriamente mais na esfera secular do que religiosa», sendo considerado «entre os progressistas como um potencial candidato empenhado no próximo conclave, especialmente se outras figuras como o Cardeal Matteo Zuppi o fizerem».

Atualmente, dos 140 cardeais com direito de voto, 110 foram nomeados por Francisco, 24 por Bento XVI e apenas seis por São João Paulo II. O contexto parece, assim, favorável a uma escolha alinhada com a visão do atual Papa — onde Tolentino se enquadra.