Está a decorrer, até 17 de junho, a fase de consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do Complexo Turístico, Cultural e Paisagístico da Herdade do Convento da Luz (HCL), que se prevê instalar na freguesia de Rio de Moinhos, no concelho de Borba.

O projeto, promovido pela empresa The Strokes & Ground, Unipessoal Lda., representa um investimento estimado de 45 milhões de euros e deverá criar até 120 postos de trabalho diretos e sazonais.

A iniciativa visa reabilitar e valorizar o conjunto edificado da Herdade do Convento da Luz, bem como o seu património natural e paisagístico, integrando uma oferta turística de cinco estrelas, com alojamento, bem-estar, desporto, gastronomia e agricultura. De acordo com o documento técnico elaborado pela Universidade de Évora, a proposta abrange uma área de 14,28 hectares, dos quais cerca de 65% serão intervencionados.

O empreendimento será composto por três unidades principais: uma unidade hoteleira com 195 quartos e capacidade para 200 camas; uma unidade de bem-estar e desporto, com piscinas interior e exterior, spa, sauna, ginásio e campos de jogos; e uma unidade gastronómica com dois restaurantes e três bares. Está ainda prevista a instalação de um museu exploratório, percursos pedonais, visitas ao Campo da Batalha de Montes Claros e o aproveitamento agrícola da propriedade.

O projeto contempla a reabilitação do Convento da Luz, fundado em 1407, encerrado à população há várias décadas. A igreja será preservada e o convento adaptado a funções hoteleiras. Estão igualmente previstas obras de recuperação de edifícios existentes e a construção do Edifício H, de apoio técnico e de serviços, com inserção semienterrada para melhor integração paisagística.

O estudo técnico, consultado pelo Jornal oDigital.pt, destaca a localização privilegiada do empreendimento, próximo de Borba, Vila Viçosa e da Serra d’Ossa, numa zona com escassa oferta hoteleira, limitada ao alojamento local e ao turismo em espaço rural. O novo complexo permitirá diversificar a oferta turística no concelho e reforçar o aproveitamento do património histórico-cultural da região, nomeadamente o Terreiro da Batalha de Montes Claros, classificado como Monumento Nacional.

A construção deverá decorrer ao longo de quatro anos, entre 2025 e 2028. Durante a fase de obra, prevê-se a criação de 35 postos de trabalho diretos e 64 sazonais, podendo a empregabilidade indireta atingir cerca de 140 pessoas. A taxa de ocupação média anual estimada para o hotel é de 58%, com estadias médias de cinco noites.

O EIA assinala impactes negativos maioritariamente pouco significativos e temporários, sobretudo durante a construção. Estão previstas medidas de mitigação e monitorização ambiental, nomeadamente no domínio do património arqueológico, da qualidade da água, da fauna e da gestão de resíduos. O plano inclui o acompanhamento arqueológico integral das escavações, a utilização de espécies vegetais autóctones e ações de formação ambiental para os trabalhadores da obra.

Segundo o mesmo estudo, a fase de exploração deverá gerar efeitos positivos significativos ao nível socioeconómico, do ordenamento do território, da valorização do património e da promoção da identidade cultural local. O encerramento do complexo, caso ocorra no futuro, poderá originar perdas relevantes em termos de atividade económica e turística no concelho.

O licenciamento do projeto está condicionado à emissão de Declaração de Impacte Ambiental (DIA), da responsabilidade da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDR Alentejo), que deverá ser proferida até 15 de setembro.