Os números constam de um relatório da instituição sobre o comportamento da bolsa cabo-verdiana até junho, no qual a queda é justificada "essencialmente" pelo "impacto" da covid-19.

"Uma vez que do valor global referido, apenas cerca de 4% ocorreu entre abril e junho de 2020", lê-se no relatório.

De janeiro a junho, o volume global de transações no mercado secundário da BVC foi ligeiramente superior a 5,8 milhões de escudos (526 mil euros), uma quebra de 52,6% face ao período homólogo de 2019, envolvendo o mercado de bolsa e o segmento do mercado fora de bolsa para títulos cotados e para títulos não cotados.

A instituição destaca igualmente que o número de títulos cotados teve uma redução de 3,5% face ao período homólogo de 2019, "situação explicada pelo menor número de novas emissões face ao número de amortizações de títulos antigos".

Registou-se ainda uma redução de quase 9% no volume das operações realizadas ao nível do mercado primário, onde ocorre a emissão de títulos do Tesouro, com 18 novas emissões, ficando, em seis meses, acima dos 8.961 milhões de escudos (80,9 milhões de euros).

Segundo o documento, com exceção das ações da Sociedade Caboverdiana de Tabacos (SCT), "constata-se que todas as demais empresas cotadas tiverem quedas recentes na cotação em bolsa, queda esta possivelmente explicada pelo impacto da covid-19".

"Devemos continuar a adaptarmo-nos ao novo normal, com vista à minimização dos efeitos da covid-19 não só na economia, mas em todo o sistema financeiro em Cabo Verde", apela a administração da BVC, no mesmo relatório semestral.

"Perante esses dados torna-se credível que os efeitos da covid-19 possam impactar negativamente a economia do país, afetando, igualmente, a dinamização da Bolsa de Valores em Cabo Verde, algo que, pese embora com alguma timidez, já se nota em termos de operações realizadas durante o primeiro semestre de 2020", conclui o relatório.

A Bolsa de Valores de Cabo Verde foi criada em maio de 1998 e conta ainda com quatro empresas cotadas, com destaque para o Banco Comercial do Atlântico (BCA, detido pelo grupo Caixa Geral de Depósitos) e para a Caixa Económica, e outras que emitem obrigações.

Os acionistas da Cabo Verde Telecom (CV Telecom), principal operadora de telecomunicações do país, aprovaram em 2018 a entrada da empresa em bolsa, que ainda não se concretizou.

Cabo Verde regista um acumulado de 4.904 casos de covid-19 diagnosticados desde 19 de março, com 46 mortos.

PVJ // JH

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