"A cimeira reiterou o apelo aos Estados-membros para responderem urgentemente aos pedidos de capacidades críticas para aumentar a capacidade operacional da missão da SADC em Moçambique", declararam os líderes regionais, sem avançar detalhes, no final de uma reunião na capital namibiana, Windhoek.

No encontro do Órgão sobre Política, Defesa e Segurança da SADC, os presidentes da Namíbia, Zâmbia, África do Sul e República Democrática do Congo (RDCongo) "observaram" também as investigações em curso sobre os corpos queimados recentemente no norte do país lusófono, segundo o comunicado final, a que a Lusa teve acesso.

"A cimeira observou as investigações em andamento que estão a ser realizadas pela liderança da SAMIM após um vídeo perturbador nas redes sociais retratando o que parece ser pessoal da SAMIM a queimar pessoas mortas e reiterou que o público será informado assim que as investigações forem concluídas, conforme comunicado pelo presidente do órgão em 11 de janeiro de 2023", salientou.

No encontro de hoje na capital da Namíbia, foi observado também um "minuto de silêncio" em memória dos soldados da missão militar da África Austral em Moçambique (SAMIM) "que perderam a vida no cumprimento do dever".

No comunicado final, os líderes regionais "expressaram condolências" aos Governos do reino do Lesoto, Repúblicas do Botsuana e Zâmbia e República Unida da Tanzânia "e respetivas famílias pela perda dos seus cidadãos", sem avançarem detalhes sobre o número de vítimas.

Além dos presidentes da Namíbia, Zâmbia, África do Sul e RDCongo, participaram na cimeira extraordinária da Troika do Órgão sobre Política, Defesa e Segurança da SADC, os chefes de Governo do Lesoto e de Essuatíni (antiga Suazilândia).

A República de Moçambique fez-se representar pelo ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Artur Chume, segundo o comunicado final.

O encontro contou também com a participação do chefe da missão militar da SAMIM.

A província de Cabo Delgado está assolada por um conflito desde 2017 que aterroriza as populações. Grupos de rebeldes armados têm pilhado e massacrado aldeias e vilas um pouco por toda a província e uma variedade de ataques foi reivindicada pelo 'braço' do autoproclamado Estado Islâmico naquela região.

O conflito já provocou mais de 4.000 mortes (dados do The Armed Conflict Location & Event Data Projetct) e pelo menos um milhão de deslocados, de acordo com um balanço feito pelas autoridades moçambicanas.

Desde julho de 2022 que uma ofensiva militar de Maputo, com apoio do Ruanda e, posteriormente, da SADC, possibilitou um clima de maior segurança na região que não era sentido há anos, e recuperou localidades que estavam controladas pelos rebeldes, como a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde 2020.

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