"Temos conhecimento da realização desses testes. Respondem às exigências da atualidade", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ao confirmar os ensaios conduzidos pelo regulador estatal de telecomunicações (Roskomnadzor).

O porta-voz russo assinalou que no mundo atual muitos países falam uma linguagem de "sanções e restrições" e, como tal, "é preciso estar preparado para tudo".

Na quarta-feira, o jornal diário russo RBC avançou que os testes foram realizados entre 15 de junho e 15 de julho com a participação de todos os principais operadores do serviço russo de Internet.

O objetivo foi testar a resiliência e a capacidade de funcionamento da rede russa de Internet em caso de bloqueios externos ou de outras ameaças, segundo fontes do setor das telecomunicações, citadas pelo diário russo.

De acordo com as mesmas fontes, que ainda aguardam os resultados finais e oficiais dos testes, as informações preliminares apontam que os ensaios foram "bem-sucedidos".

O regulador Roskomnadzor garantiu, por sua vez, que estes ensaios para testar "a segurança" da Internet russa têm um caráter anual.

Estes testes ocorrem numa altura em que as autoridades russas têm dirigido fortes críticas contra os grandes gigantes da Internet, como é o caso das redes sociais Facebook e Twitter, que são acusados de desrespeitar a legislação local.

Na passada quinta-feira, um tribunal de Moscovo impôs novas coimas às redes sociais Facebook e Twitter por não terem eliminado conteúdos classificados pelas autoridades russas como proibidos, o que elevou as sanções totais acumuladas pelas duas empresas para 657 mil dólares (cerca de 558 mil euros) e 349 mil dólares (cerca de 296 mil euros), respetivamente, desde o início de 2021.

Em 2019, a Rússia aprovou uma lei controversa que prevê a criação de uma "Internet soberana" russa, que abre a possibilidade do país ficar isolado dos grandes servidores mundiais de Internet perante um potencial ataque estrangeiro.

A legislação foi elaborada no contexto da "segurança informática" e prevê que os 'sites' russos passem a funcionar fora do sistema de Internet que está ligado a servidores estrangeiros.

Na altura, a oposição russa denunciou o que classificou de "tentativa de controlo de conteúdos".

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