Lesmes Monteiro, antigo porta-voz do Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados (MCCI) disse à Lusa, no sábado, dia em que foi a enterrar o corpo de Bernardo Catchura, que aquele faleceu numa clínica de Bissau, após não conseguir ser atendido no Simão Mendes, que estaria com falta de oxigénio, segundo disse.

Em conferência de imprensa hoje, o diretor do hospital, Agostinho Semedo, o diretor clínico, Dionísio Cumba, e o médico que se encontrava de serviço na unidade de cirurgia, negaram que a causa da morte do ativista tenha sido a falta de oxigénio.

"O malogrado não morreu pela falta de oxigénio, como se ouve dizer sobretudo nas redes sociais", afirmou Agostinho Semedo.

Arlindo Quadé, médico de serviço na unidade de cirurgia no dia em que faleceu Bernardo Catchura, explicou que aquele chegou ao hospital numa altura em que estava a dar assistência a um grupo de crianças que tinham tido um acidente com uma granada num antigo quartel no leste da Guiné-Bissau.

"Praticamente não tínhamos espaço para mais doentes. Tínhamos alguns doentes até no chão, estavam a sangrar muito", disse Arlindo Quadé, para acrescentar que em cerca de seis minutos de conversa apercebeu-se que Bernardo estava com cólicas abdominais e que já levava três dias sem conseguir evacuar fezes.

A unidade de cirurgia "já não tinha espaço", tendo o doente perguntado ao médico onde poderia receber tratamento com urgência, naquele momento, contou Arlindo Quadé.

"Estava aflito. Perguntou-me onde poderia ser tratado, sugeri-lhe que fosse para uma clínica", precisou Quadé.

Dionísio Cumba, diretor clínico do Simão Mendes, explicou que, dadas as informações do médico de serviço, colhidas dos exames que Bernardo Catchura trazia no telemóvel e do diagnóstico oral, dava para perceber que "poderia estar com os intestinos parados, o que pode até ter-lhe dado uma perfuração intestinal, que é fatal".

Cumba sublinhou a situação de dificuldade em que se encontra o Simão Mendes "há séculos", situação que exortou todos os guineenses a mudarem.

"Já aconteceram várias mortes dramáticas por falta de condições de trabalho", defendeu o diretor clínico do Simão Mendes.

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