O grupo "Resistência Nacional de Defesa da Justiça e Constituição de Timor-Leste" começou já a recolher assinaturas numa petição que vai enviar ao chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo, e aos responsáveis de outros órgãos de soberania.

"O Presidente violou a constituição e deve resignar", disse à Lusa Ângela Freitas, presidente do Partido Trabalhista (PT) e porta-voz do movimento.

O grupo acusa Francisco Guterres Lu-Olo de atuar mais em defesa do seu partido, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), do que em defesa de toda a população, não tendo dado posse a vários membros do maior partido da coligação vencedora das eleições de 2018, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão.

"O Presidente deveria comportar-se como chefe de Estado para todo o povo. Mas em vez disso atuou mais em defesa do partido que lidera", acusou.

"O Presidente da República violou as regras da democracia. Não aceitou a tomada de posse dos principais quadros da CNRT, que era o maior partido da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) que venceu as eleições de 2018", referiu.

Inicialmente, o grupo pretendia realizar uma manifestação pacífica até ao Palácio Presidencial, mas optou for fazer apenas o encontro em frente à sede do PT, devendo a petição ser entregue ao chefe de Estado no início da próxima semana.

"O povo está descontente com a decisão do Presidente da República que neste processo de decisões políticas não respeitou a constituição como base legal", afirmou.

"É tempo de haver uma mudança radical. Senão, isto abre um precedente perigoso para futuras gerações. Não é um bom exemplo", sublinhou.

O movimento realizou hoje uma conferência de imprensa de apresentação da sua posição, reunindo algumas dezenas de pessoas no centro de Díli.

Ângela Freitas diz que as várias ações do Presidente da República não foram justas, não permitindo que uma nova coligação liderada por Xanana Gusmão assumisse as rédeas do Governo, abrindo caminho em vez disso a uma nova plataforma apoiada pela Fretilin.

"Vamos apresentar a petição. Damos uma semana ao Presidente e caso não haja resposta vamos recorrer ao 'people power', a manifestações pacíficas", explicou.

O movimento reúne várias forças políticas que não conseguiram eleger deputados nas últimas eleições e "outros elementos, entre estudantes, organizações, religiosos e também académicos".

 

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