"Apresentei hoje ao Presidente da República o nome de Abrãao Vicente para ministro do Mar, em acumulação com o cargo de ministro da Cultura e das Indústrias Criativas. O Ministério do Mar tem sede em São Vicente, ilha na qual o novo ministro passará a residir", lê-se na mensagem divulgada ao final da tarde pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.

Abraão Vicente assumiu o cargo de ministro da Cultura e das Indústrias Criativas na legislatura anterior (2016-2021), no Governo liderado por Ulisses Correia e Silva, e foi reconduzido na mesma função na atual legislatura, iniciada em maio.

O elenco governativo empossado em 20 de maio cresceu para um recorde de 28 membros, entre primeiro-ministro, 18 ministros (incluindo um vice-primeiro e dois ministros de Estado) e nove secretários de Estado, sofrendo agora uma redução ao nível do total de ministros.

O primeiro-ministro de Cabo Verde anunciou em 03 de novembro que aceitou o "pedido de demissão" do ministro do Mar, Paulo Veiga, mas que iria aguardar pela posse do Presidente da República, José Maria Neves, em 09 de novembro, para apresentar o novo nome.

Em comunicado, o gabinete do primeiro-ministro confirmou a decisão e referiu que Ulisses Correia e Silva "agradece o desempenho" de Paulo Veiga "durante o tempo que liderou o Ministério da Economia Marítima", até às legislativas de abril passado, "e mais tarde o Ministério do Mar".

Paulo Veiga anunciou no mesmo dia que pediu a exoneração do cargo ao primeiro-ministro, referindo apenas que pretende "tirar todas as consequências políticas" e que vai assumir as funções de deputado.

Numa nota, o então governante, que participou ativamente na campanha eleitoral para as presidenciais cabo-verdianas no apoio a Carlos Veiga (primeiro-ministro de 1991 a 2000), como diretor de campanha, mas que foi derrotado na votação de 17 de outubro, afirmou que a decisão era irreversível, mas sem adiantar mais pormenores.

"Porque acredito que a nobreza da política reside na assunção individual de responsabilidades a cada momento, em coerência com a minha consciência política, solicitei minha exoneração com a pretensão de tirar todas as consequências políticas e poder continuar a servir o meu país com a máxima dignidade e sentido de Estado, enquanto deputado nacional, numa altura tão crítica da vida do país", dizia na mensagem.

Alguma imprensa local cabo-verdiana referiu na altura que Paulo Veiga se mostrou descontente com o apoio do Governo e do Movimento para a Democracia (MpD, maioria) à candidatura presidencial de Carlos Veiga, antigo presidente do MpD, que viu o ex-primeiro-ministro (2001 a 2016) José Maria Neves ser eleito logo à primeira volta o quinto Presidente da República de Cabo Verde.

Contudo, na mesma mensagem, Paulo Veiga nada esclareceu, referindo apenas que assumirá o cargo de deputado, para o qual foi eleito pelo MpD nas legislativas realizadas em abril deste ano.

"Este é o cargo para o qual fui eleito diretamente pelo povo e para o qual, penso, continuo a ter condições políticas para exercer até ao final do mandato", acrescentou, na mensagem.

"Agradeço, reconhecido, a honra e o privilégio de ter participado no Governo, servindo Cabo Verde e os cabo-verdianos. Trabalhei com seriedade e comprometimento, convicto de que alcançamos resultados importantes, num contexto de grandes dificuldades", disse ainda Paulo Veiga, que liderava o único ministério até agora descentralizado, fora de cidade da Praia, neste caso no Mindelo, ilha de São Vicente.

"Assegurarei a transição de pasta, para que todos os processos em curso possam ser acolhidos tranquilamente pela futura tutela. Continuarei, sempre, a trabalhar por Cabo Verde", afirmou ainda.

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