"Faltam treinadores. Ainda não há na China uma carreira reconhecida de treinadores", disse Joaquim Preto acerca do plano de "reforma do futebol" anunciado no mês passado pelo governo chinês e que visa elevar o país ao estatuto de grande potência que já conquistou noutras modalidades.

E tendo em conta a população chinesa (cerca de 1.350 milhões de habitantes), "o número de praticantes de futebol federados é mínimo", realçou também o técnico português.

Treinador-adjunto do Sporting Clube de Portugal quando os "leões" ganharam pela última vez o campeonato português, em 2001/2002, Joaquim Preto, 55 anos, já trabalhou em França, Grécia, Bélgica e Emirados Árabes Unidos.

"Há cerca de 250 treinadores profissionais portugueses a trabalhar no estrangeiro", salientou Joaquim Preto a propósito da "notoriedade internacional" alcançada por Portugal no domínio do futebol.

"Portugal tem exportado muitos jogadores, mas também muitos treinadores", acrescentou.

Joaquim Preto chegou a Pequim na primavera de 2014, acompanhado por seis treinadores, para dirigir a primeira escola de uma academia privada chinesa que ostenta o nome do antigo capitão da seleção portuguesa.

"Vai ser uma experiência única. Em termos de formação, a China está a zero. Vamos estimular o entusiasmo pelo futebol", disse na altura o técnico português.

Um ano depois, a academia já esta implantada em mais sete cidades chinesas e tem, no conjunto, cerca de 2.000 alunos dos 5 aos 13 anos.

Entretanto, o número de treinadores portugueses contratados pela academia, todos diplomados pela Federação Portuguesa de Futebol e a UEFA, subiu para 25 e "muito em breve virão mais dois".

O objetivo é "dinamizar o futebol infantil", uma das principais carências da China, e "promover uma matriz competitiva" entre os mais novos praticantes da modalidade, mas Joaquim Preto já pensa também em "organizar cursos para treinadores".

De acordo com a referida "reforma do futebol", nos próximos cinco anos, a prática daquela modalidade vai passar a ser "uma componente obrigatória" da disciplina de Educação Física em 20.000 escolas e este número deverá chegar aos 50.000 em 2025.

"Revitalizar o futebol é uma tarefa obrigatória para transformar a China numa potência desportiva, o que é parte integrante do sonho chinês e também o desejo do povo", diz o plano, aprovado pelo "Grupo Dirigente do Partido Comunista China (PCC) encarregue do aprofundamento das reformas", um organismo liderado pelo Presidente da República, Xi Jinping.

O futebol só foi profissionalizado na China no início da década de 1990, quando a liderança do PCC aboliu o sistema de "planificação central", típica dos regimes comunistas, e adotou um novo modelo, chamado "economia de mercado socialista".

Duas décadas mais tarde, a China tornou-se a segunda economia mundial, a seguir aos Estados Unidos, mas figura em 83.º no ranking da FIFA, atrás de muitas pequenas nações em vias de desenvolvimento.

AC // JCS

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