
"A todos os residentes da Faixa de Gaza nas zonas de al-Qarara, município de al-Salqah, a sul de Deir al-Balah, e nos bairros de al-Jafarawi, al-Sawar, Abu Hadeb e al-Satr, este é um aviso final antes do ataque", escreveu um porta-voz do Exército israelita nas redes sociais.
O aviso de evacuação antecede um "forte ataque" em preparação naquelas áreas, de acordo com os militares israelitas.
O Exército israelita anunciou hoje o início de uma nova ofensiva aérea e terrestre no norte e sul de Gaza.
Segundo Effie Defrin, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, o Exército tem agora cinco divisões ativas na Faixa de Gaza.
"Estamos a entrar numa nova fase de combate. Durante esta operação, vamos aumentar e expandir o nosso controlo operacional na Faixa de Gaza, dissecando-a e, ao mesmo tempo, transferindo a população para um local seguro", assinalou em declarações ao jornal Times of Israel.
As novas operações decorrem após uma intensa campanha militar realizada na semana passada, que envolveu ataques contra mais de 670 alvos do grupo islamita palestiniano Hamas em todo o território, segundo o Exército.
As autoridades palestinianas condenaram a intensificação das operações de combate israelitas, indicando centenas de civis mortos nos últimos dias e ataques diretos a unidades hospitalares.
O diretor-geral do Ministério da Saúde na Faixa Gaza, Munir al-Barsh, indicou que pelo menos 153 pessoas morreram nas últimas 24 horas devido aos ataques israelitas, no que descreveu como "uma das escaladas mais violentas" desde o início da guerra, em outubro de 2023.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse hoje que está aberto a um acordo para interromper a ofensiva em curso, desde que implique a retirada do Hamas e a libertação dos reféns mantidos pelo grupo palestiniano.
"A equipa de negociação em Doha está a trabalhar para esgotar todas as possibilidades de um acordo", segundo o gabinete de Netanyahu, "quer dentro da estrutura do plano [proposto pelo enviado norte-americano Steve] Witkoff, quer dentro da estrutura do fim dos combates, que incluiria a libertação de todos os reféns, o exílio dos terroristas do Hamas e o desarmamento de Gaza".
O Hamas disse hoje por seu lado que só aceitará um acordo que leve ao fim da guerra na Faixa de Gaza, numa fase em que uma equipa de negociação israelita se encontra no Qatar para discutir com os mediadores internacionais uma trégua.
"Estamos a negociar o fim da guerra, nada mais", declarou Basem Naim, membro do gabinete político do Hamas, à agência EFE.
Israel bloqueia desde 02 de março o acesso da ajuda humanitária na Faixa de Gaza, dias antes de ter quebrado o cessar-fogo que estava em vigor há cerca de dois meses.
Em 05 de maio, Israel anunciou um plano de conquista do território palestiniano, que inclui uma deslocação em massa da população, suscitando palavras de condenação em todo o mundo.
O conflito foi desencadeado pelos ataques liderados pelo grupo islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de duas centenas de reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 53 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de milhares de pessoas.
As partes mantêm canais de negociação com os mediadores internacionais para uma nova suspensão das hostilidades e a libertação dos reféns ainda em posse do Hamas, mas não chegaram a acordo.
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