
Especialista em alterações climáticas, Viriato Cassamá referiu que há vários anos que chama a atenção das populações e das autoridades do país sobre a necessidade de serem adotadas outras formas de lidar com o ambiente e que as consequências estão a ser sentidas neste momento.
"Eu vinha, já há bastante tempo, a chamar a atenção aos cidadãos de Bissau e às instituições que fazem a gestão do espaço no sentido de se ter cuidado na cedência de terrenos", afirmou Viriato Cassamá, antigo responsável pelos programas de alterações climáticas na Guiné-Bissau.
O ministro notou que os seus apelos para "um cuidado redobrado" na cedência de terrenos em zonas húmidas, bem como o uso de betão para construção dos canais de drenagem de água, "não eram ouvidos no passado".
"Tem havido uma ocupação desenfreada e descontrolada das zonas húmidas que é a zona de excelência de recarga de aquíferos, isso faz com que a água que cai das chuvas que devia entrar para o subsolo provoque inundações", observou o especialista ambiental, formado em Portugal.
De acordo com o prognóstico pluviométrico feito pelo Instituto Nacional de Meteorologia da Guiné-Bissau, nos meses de agosto e setembro "vai chover muito", adiantou Viriato Cassamá, prevendo, desta forma, mais estragos nas zonas urbanas e campos de cultivo.
O governante considerou ser normal que haja relatos da população sobre a presença de crocodilos em ambientes urbanos, porque, notou, o nível da água do mar subiu e os canais de drenagem das águas pluviais estão entupidos pela ação humana.
"O que se deve fazer é repensar melhor a forma de ocupação de espaços conforme as regras internacionais", advogou Viriato Cassamá, apontando para um plano estratégico em preparação agora que é o ministro do Ambiente, impondo regras claras para a gestão integrada das zonas costeiras.
Populares e motoristas queixam-se do facto de as estradas em quase todo o país estarem intransitáveis devido à quantidade de água ou pela ação destruidora das chuvas.
Com a subida da água do mar, sendo a Guiné-Bissau um "país extremamente plano, baixo até", em que a zona mais alta do território situa-se nas colinas do Boé, no leste, com um pico de 250 a 260 metros de altura, uma acentuada queda de chuvas "pode deixar tudo inundado", observou o ministro.
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