Em conferência de imprensa após uma reunião ministerial de quase duas horas, Schoof revelou que apresentará as demissões dos cinco ministros ao Rei Willem-Alexander e que, a partir de então, o Governo ficará remetido à gestão de assuntos em curso.

"No Conselho de Ministros, discutimos a situação atual e concluímos que, com a saída do PVV, já não há apoio suficiente no parlamento para este executivo", afirmou Schoof, acrescentando que transmitiu aos líderes das quatro fações da coligação que a queda do Governo é "desnecessária e irresponsável".

Este quadro impede a continuidade de um governo minoritário e levará os Países Baixos a novas eleições gerais, um ano e meio depois das anteriores, que foram vencidas pelo PVV.

Schoof, um funcionário público de carreira sem filiação partidária, comentou que, quando foi convidado para primeiro-ministro há um ano, aceitou o cargo "com a convicção de que poderia contribuir de alguma forma para a solução dos problemas que o país enfrenta".

Afirmou ainda que "mantém essa convicção" e, por isso, continuará a trabalhar a título interino até que seja formado um novo governo.

"Estamos a enfrentar grandes desafios a nível nacional e internacional e, mais do que nunca, precisamos de determinação para garantir a segurança, a resiliência e a economia", justificou.

Schoof ficará acompanhado por ministros do partido liberal VVD, dos Democratas Cristãos (NSC) e do Partido dos Agricultores (BBB), mas desconhece-se quem ocupará temporariamente os cinco ministérios deixados pelos políticos ligados ao PVV.

"Num mundo em rápida mudança, para todas as pessoas nos Países Baixos que estão preocupadas em encontrar um lar, com o seu rendimento, para os agricultores e horticultores que desejam um futuro, e também para retomar o controlo da migração. Tudo isto requer ação, não atrasos", prosseguiu Schoof.

O Governo cessante tomou posse em 02 de julho do ano passado, após meses de negociações entre os quatro partidos da coligação que se formou no seguimento das eleições de novembro de 2023.

Após acaloradas negociações de última hora com o objetivo de salvar a coligação de quatro partidos, Wilders declarou que não tinha outra alternativa a não ser retirar os seus ministros.

"Integrei-me para uma política de asilo mais rigorosa, não para o colapso do país", argumentou Wilders, de 61 anos, cujo partido emergiu como o surpreendente vencedor das eleições de novembro de 2023.

A retirada dos ministros do PVV abre um período de incerteza política no país, a quinta maior economia da União Europeia (UE), à medida que partidos de extrema-direita ganham terreno em todo o continente.

Os Países Baixos também acolhem a próxima cimeira da NATO dentro de apenas algumas semanas.

As sondagens indicam que o PVV permanece em primeiro lugar, mas a diferença para os seus rivais mais próximos está a diminuir, seguido de perto pela aliança dos Verdes e dos Sociais-Democratas, liderada pelo antigo vice-presidente da Comissão Europeia Frans Timmermans.

O partido liberal VVD, tradicionalmente um ator importante na política neerlandesa, também está perto do topo das sondagens e a próxima eleição será provavelmente bastante disputada.

HB // SCA

Lusa/Fim