
A primeira conferência tinha acontecido há dez anos, em Timor-Leste.
A conferência começa um dia depois da III Reunião de ministros da Energia, na qual foi salientada a necessidade de um reforço da cooperação na área da energia entre os nove Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Segundo aquela organização, a II Conferência de Energia, além de ser "um momento de partilha dos últimos desenvolvimentos e projetos âncora das transições energéticas de cada Estado-Membro", pretende "promover novas parcerias e oportunidades de investimento e financiamento", decorrendo sob o lema "Impulsionando uma Transição Energética Resiliente, Sustentável e Inclusiva para a CPLP".
Promovida pelo Governo de São Tomé e Príncipe, que detém a presidência em exercício da CPLP, a conferência será coordenada pela Associação Lusófona de Energias Renováveis (ALER) e pela Associação de Reguladores de Energia dos Países de Língua Oficial Portuguesa (RELOP), e conta com o apoio do Ministério do Ambiente e Energia de Portugal.
Além de ministros e outros representantes de Estados-membros da CPLP, a conferência conta com a participação de representantes da COP 30 e da Missão 300, sendo esta um dos maiores veículos de financiamento de projetos para o setor nos próximos anos, entre outros intervenientes no setor.
A presidente da ALER defende que a CPLP deve "atuar como um bloco estratégico" e afirmar-se como "uma alternativa" em termos energéticos no mundo, visão que deve estar nos trabalhos da conferência que decorrerá até quarta-feira.
Em declarações à Lusa, na semana passada, Mayra Pereira afirmou que o momento atual é único para a comunidade lusófona aproveitar as suas vantagens e reforçar a cooperação e parcerias entre os Estados-membros e empresários no setor da energia, num caminho para a transição energética, e "atuar como um bloco estratégico" em cimeiras e fóruns internacionais.
Este propósito exige diplomacia económica, alianças temáticas e "uma narrativa comum, que traduza as (...) prioridades em propostas concretas", e permitirá à CPLP posicionar-se "como uma das alternativas" no mundo em termos energéticos, afirmou.
"Temos uma grande vantagem. África é definitivamente um continente que temos de olhar como uma oportunidade, e a maioria dos países da CPLP está em África", frisou, além de que "o Brasil está inserido como um dos maiores 'players' do G20 e com um posicionamento estratégico que poderá abrir grandes portas".
Por outro lado, este é o ano da COP 30, no Brasil, falada em português, e Angola tem a presidência da União Africana, a maior organização regional, além de que "saiu um 'player' financeiro de África", numa alusão indireta aos Estados Unidos, com a nova política de Donald Trump, e "podem entrar novos".
"Neste momento, existe um potencial para os países CPLP se juntarem, para fazerem uma atração de financiamento em conjunto" e assumirem "definitivamente uma posição mais unificada quando vão para fóruns internacionais", insistiu.
Ao nível empresarial, a presidente da ALER vê no espaço da CPLP "um enorme potencial para 'joint ventures' [parcerias], consórcios, missões empresariais conjuntas, e investimentos em projetos de energias renováveis nos países irmãos da CPLP em que se transferissem competências".
No evento serão debatidas políticas públicas para a transição energética, planeamento energético, diversificação de combustíveis, sistemas elétricos do futuro, descarbonização e economia verde, compactos de energia, financiamento e investimentos no setor, refere a CPLP numa nota.
ATR // MLL
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