Todas as notícias em primeira mão
Todas as notícias em primeira mão
Todas as notícias em primeira mão

Financiamento e crescimento das PME no Algarve

Dada a dimensão e quantidade de pequenas e médias empresas com características locais e regionais de intervenção, a sua resiliência é maior se existir mais autonomia no financiamento e na decisão.

Desde há muitos anos que em Portugal, mas também ao nível da União Europeia, as Pequenas e Médias Empresas (PME) constituem a larga maioria do nosso tecido empresarial, representando mais de 99% do total de empresas (fonte: Direção Geral das Atividades Económicas).

As PME estão constituídas em micro empresas (emprega menos de 10 pessoas; volume de negócios ou balanço total não excede os 2 milhões de euros), em pequenas empresas (emprega 11 a 50 pessoas; volume de negócios ou balanço total não excede os 10 milhões de euros) ou em médias empresas (emprega 51 a 250 pessoas; volume de negócios ou balanço total não excede os 50 ou os 43 milhões de euros, respetivamente) (Decreto-lei n.º 372/2007, de 6 de novembro; Recomendação n.º 2003/361/CE da Comissão Europeia).

Atualmente, existem em Portugal cerca de 1,4 milhões de PME, as quais empregam 3,5 milhões de pessoas. A contribuição deste segmento de empresas para as exportações nacionais é de cerca de 50%, bem acima da média da União Europeia, que é de 37% (fonte: Pordata). A distribuição setorial é liderada pelo setor do Comércio (35,3%), seguindo-se o Turismo (26,3%), a Construção (13,7%), a Indústria (extrativa e transformadora) (9,7%) e os Serviços (8,2%). No caso do Algarve, uma em cada três PME é do setor do Turismo, segundo dados do programa PME Líder (ver condições em IAPMEI - PME Líder).

Quadro dinâmico Business Intelligence (BI) de empresas PME Líder 2024 do Algarve

PME Líder 2024 do Algarve
PME Líder 2024 do Algarve créditos: Fonte: IAPMEI

Em 2024, o Algarve registou um número significativo de PME Líder, com 43,3% do total de empresas PME Líder, ou seja, 754 empresas localizadas no distrito de Faro (fonte: IAPMEI).

Neste sentido, as PME são consideradas um catalisador essencial para o crescimento sustentável da nossa economia. No entanto, enfrentam muitas dificuldades e constrangimentos, como é o caso da forte dependência de financiamento bancário, e consequentemente estão expostas a volatilidades nas taxas de juro, derivado das instabilidades políticas um pouco por todo o mundo.  Importa, pois, antecipar eventuais dificuldades, no sentido também da sua diferenciação nas novas economias, ligadas à digitalização de processos, euro digital, Inteligência Artificial ou até à implementação de processos de energia mais limpa como seja na região do Algarve.

O acesso específico ao financiamento, a digitalização e a necessidade de inovação contínua reduzem drasticamente o potencial de insolvência em Portugal, que em 2024 teve um crescimento acumulado de 4,9% nas insolvências (fonte: COSEC).  Em contraste, o número de novas empresas no primeiro trimestre de 2025 diminuiu cerca de 13% em relação ao mesmo período de 2024, o que indica um abrandamento na criação de novas empresas e reforça a tendência de maior instabilidade no tecido empresarial nacional (fonte: AL Seguros).

Apesar de as PME terem acesso a várias ferramentas e programas que facilitam o financiamento, podiam e deviam ser criados programas específicos para as regiões e em específico para o Algarve pelas suas características de dependência económica do Turismo, através do Banco Português de Fomento (BPF) à semelhança do que é praticado nas regiões da Madeira e dos Açores (exemplos: Linha de Crédito Investe RAM 2020-PRR; Capital Participativo Açores I e II; Fundos de Capital de Risco – 2º concurso Açores e Madeira). Complementado com a digitalização e fintechs na diminuição da burocracia e com incentivos a um cada vez mais crescente número de PME líder, criar-se-ia um ambiente propício para uma maior sustentabilidade e competitividade das nossas PME, com especial destaque para o nosso Algarve.

Dada a dimensão e quantidade das empresas (PME), com características locais e regionais de intervenção, a sua resiliência é maior se existir uma maior autonomia regional no financiamento e na decisão.

Economista dos Algarves

O “Quadrado Perfeito” não é só uma análise técnica, feita por quatro economistas de diferentes regiões do país, que se revezam semanalmente, à quarta-feira. É uma narrativa que revela nuances regionais tantas vezes ignoradas para uma compreensão integral da economia.

Veja também