A pandemia de covid-19 acelerou a mudança para a digitalização e destacou ainda mais a necessidade de dados e inteligência relevantes para as empresas de serviços, com destaque para o Turismo. É neste sentido que o Big Data surge cada vez mais como oportunidade para as empresas, consistindo na recolha e análise de informação relevante de um grande volume e variedade de dados.
Percentagem de empresas europeias que utilizam Big Data (projeção da UE para 2030)

Apesar de implicar um grande investimento e de acarretar riscos, nomeadamente, na avaliação incorreta por erros nos dados, esta análise em tempo real permite a tomada de decisões mais rápidas e informadas. A utilização de Big Data permite adequar produtos e serviços às necessidades dos consumidores, prevendo padrões de consumo (Data Mining) e, de forma mais intensa, tende a gerar maior produtividade nas empresas e consequentemente salários mais elevados. Ou seja, a tecnologia é usada para complementar as habilidades humanas e não as substituir, permitindo que os trabalhadores se concentrem em tarefas mais complexas e criativas, enquanto as máquinas ficam responsáveis por atividades repetitivas.
No entanto, as ferramentas tecnológicas à nossa disposição (Inteligência Artificial, Machine Learning, Internet of Things, Big Data e outras) para serem eficazes, necessitam de conhecimento para poderem ser utilizadas. Ora, precisamente por isso, uma das grandes questões que se colocam quando se fala de Big Data é: será que compensa?
No caso do Algarve, e dado o tecido empresarial existente (de pequena dimensão e de baixa qualificação profissional), necessita da criação de um Centro de Dados para Micro e Pequenas Empresas conjunto com competências associadas.
Este Centro de Dados para o Algarve, que seria gerido pela Universidade do Algarve e pelos Empresários, seria responsável, numa primeira fase, por criar uma "cultura de data" nas empresas. Não nos esqueçamos que um bom uso dos dados pode permitir, por exemplo, descobrir oportunidades que a empresa de outra forma não teria identificado, detetar riscos e soluções inovadoras para resolver problemas e aperfeiçoar os próprios processos de trabalho, neste mundo globalizado.
Neste sentido, a análise de Big Data, no caso do Algarve, numa segunda fase, pode trazer diversos benefícios para a economia regional, em setores tais como:
- a saúde, na análise de dados de pacientes para melhorar o diagnóstico e tratamento, e desenvolvimento de novos medicamentos;
- a gestão turística, na gestão de recursos (monitorizar a ocupação turística, o fluxo de pessoas e o consumo de energia);
- a agricultura, na gestão de recursos hídricos (uso de dados sobre precipitação, evapotranspiração, qualidade do solo e irrigação) e na previsão de produção (análise de dados sobre clima, tipos de solo e variedades de plantas);
- a sustentabilidade, na gestão de resíduos (análise de dados sobre a geração de resíduos, tipos de resíduos) e na mobilidade urbana (análise de dados sobre tráfego, transporte público e hábitos de deslocação).
Para que tal seja efetivo, é necessário investir na formação e capacitação de profissionais para lidar com o Big Data, incluindo a análise, o tratamento e a interpretação dos dados. As competências digitais são fundamentais para a inovação e a competitividade. Segundo o Banco de Portugal, apenas 55,3% possuíam competências digitais básicas em 2021 (entre a população ativa), abaixo da meta de 80% para 2030, pelo que se torna imprescindível apostar na formação digital.
Em conclusão, o Big Data oferece um grande potencial para transformar a economia do Algarve, desde a melhoria da gestão turística e da agricultura à promoção de um desenvolvimento mais sustentável. Ao aproveitar as oportunidades que o Big Data oferece, a região pode alcançar um novo patamar de desenvolvimento, promovendo o bem-estar da população e a competitividade das empresas.
Economista dos Algarves