
O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) relativo a 2024 revela uma diminuição de 4,6% na criminalidade participada em Portugal face ao ano anterior, com um total de 354.878 ocorrências registadas pelas autoridades. Os crimes contra o património continuam a representar a maioria das participações (52,4%), seguidos pelos crimes contra as pessoas (25,9%).
Apesar da tendência nacional de descida, o Alentejo registou algumas exceções. O distrito de Évora registou um ligeiro aumento na criminalidade geral participada (+0,1%), contrariando a tendência nacional. Já no que respeita à criminalidade violenta e grave, os distritos de Portalegre e Santarém, também inseridos parcialmente na região Alentejo, registaram aumentos significativos, em linha com a tendência nacional de crescimento deste tipo de criminalidade (+2,6%).
Entre os crimes mais participados em 2024, destacam-se a violência doméstica contra cônjuge ou análogo (25.919 participações), a ofensa à integridade física simples e a condução sob o efeito de álcool com taxa igual ou superior a 1,2g/L, ainda que este último tenha registado uma descida de 23,1%.
Na análise territorial da criminalidade violenta e grave, verificou-se que Santarém, Castelo Branco, Portalegre e Leiria foram os distritos com maior aumento, sendo que a Guarda registou a maior descida neste tipo de crime (-25%).
O roubo na via pública foi o crime violento e grave com maior número de participações (5.239). Já o roubo a banco ou estabelecimento de crédito apresentou o maior crescimento percentual (+128,6%), embora continue a representar um número reduzido de ocorrências. Por outro lado, o crime de resistência e coação sobre funcionário registou a maior descida (-16,2%).
Em relação à violência doméstica, que representa um peso significativo na criminalidade participada, registou-se uma ligeira redução global (-0,8%), mas aumentou o número de casos envolvendo menores (+7,2%).
No que diz respeito ao tráfico de seres humanos, o relatório aponta uma diminuição de 12% nas ocorrências, com os distritos de Beja, Faro e Viana do Castelo a concentrarem a maioria dos casos sinalizados, especialmente associados a exploração laboral sazonal na agricultura.
O RASI sublinha que os dados refletem uma mudança na tabela de notação estatística a partir de 2024, permitindo uma análise mais desagregada da criminalidade. Esta alteração introduziu 19 novas tipologias criminais e eliminou cinco, visando uma leitura mais precisa dos fenómenos criminais registados.
A criminalidade informática e a criminalidade económico-financeira mantêm tendência de crescimento, sendo estas áreas também alvo de atenção por parte das autoridades, especialmente no que respeita à utilização de novas tecnologias e métodos de burla digital.