
Na reunião pública do Executivo Municipal de Palmela, realizada, ontem, dia 16 de abril, foram aprovadas por unanimidade duas saudações comemorativas ao 25 de Abril e ao 1.º de Maio, apresentadas pelas bancadas da CDU e do PS.
As saudações destacam as conquistas que estas datas permitiram concretizar ao longo dos anos, convidando a população a participar nas iniciativas comemorativas a decorrer no concelho.
Transcrevem-se, abaixo, os textos integrais das saudações:
Saudação CDU
Ao 25 de Abril de 1974, ao 1.º de Maio e aos 49 anos da Constituição da República Portuguesa
“À medida que nos aproximamos do final deste ano de comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, é possível fazer, já, um balanço muito positivo sobre a forma como o país viveu e honrou esta efeméride, prestando homenagem a quem esteve na linha da frente do combate, da resistência e, também, da (re)construção de um país onde tudo estava por fazer… desde logo, a autoestima de mulheres e homens que, apesar da esperança sempre presente, tinham dificuldade em acreditar que lhes era permitido almejar a mais.
No Concelho de Palmela, estas comemorações, sob o lema “Abril para já!”, envolveram, de forma orgânica, todos os setores da sociedade, com especial destaque para a comunidade educativa, que desenvolveu reflexão, promoveu debate e produziu conteúdos que deixaram marca neste território e nos deixam mais tranquilos quanto à consciência cívica e capacidade de concretização das novas gerações.
Em meio século de Democracia, Portugal conheceu um ímpeto transformador sem paralelo, assente numa Constituição de forte pendor humanista, que defende um conjunto de valores incontornáveis numa sociedade verdadeiramente igualitária, livre e em Paz. Não obstante, a evolução da nossa Democracia tem experimentado “dores de crescimento” que, não sendo convenientemente diagnosticadas e tratadas, geram fraturas de difícil recuperação. Vírus perigosos, como o populismo, a demagogia, a desinformação, o racismo ou a xenofobia, emergem dessas fraturas, exponenciados por plataformas de rápida disseminação que não existiam anteriormente. São indispensáveis mecanismos de verificação, garante de uma informação objetiva e livre de manipulação ou revisionismos, que esclareça e apoie tomadas de decisão. Mas é necessário, igualmente, que as pessoas assumam a responsabilidade de se documentarem, formarem opinião e não propagarem conteúdos falsos.
Mais do que nunca, constatamos, de forma quase imediata, como é real o conceito de “aldeia global” e como esta interdependência nos afeta e influencia. Das “guerras de tarifas” a uma nova corrida ao armamento, do fim de alianças para a Paz a um profundo retrocesso no que à igualdade e aos direitos para todas as pessoas diz respeito, estamos perante uma poderosa tentativa de estabelecer uma nova “ordem mundial”. A par dos regimes assumidamente totalitários, este é um novo paradigma, em que movimentos neofascistas procuram detonar as Democracias por dentro, infiltrando-se no sistema para o corromper. No quadro de uma cidadania responsável, é nosso direito e nosso dever pugnar, junto de representantes nacionais e supranacionais, pelo regresso a um caminho de Paz e desarmamento, que permita redirecionar o investimento para a vida das pessoas e a garantia dos seus direitos.
Ultrapassada a barreira do meio século de vida da nossa Democracia, entramos numa fase que se pretende de amadurecimento e adicionamos novas causas à nossa Luta. Continuamos a acreditar que «só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação» – e Portugal está tão carente destes direitos, num momento em que o fosso entre riqueza e pobreza atinge níveis inaceitáveis e tantas conquistas de Abril estão à mercê de ávidos interesses corporativos. Mas a nossa Constituição inspira-nos a ir mais fundo, à raiz dos problemas, e a ver além das nossas fronteiras, reafirmando a defesa incontestável dos direitos humanos, da igualdade entre todas as pessoas, independentemente da cor, género, raça ou credo, da soberania e autodeterminação dos povos, do direito ao trabalho, à criatividade e à liberdade e a um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
No próximo ano, além dos 50 anos da Constituição, celebraremos, também, o 50.º aniversário do Poder Local Democrático em Portugal, que deve ser um momento alto da nossa vida coletiva e uma oportunidade para profunda reflexão sobre o caminho trilhado. As autarquias têm sido o grande motor de desenvolvimento das suas comunidades, respondendo às necessidades concretas das pessoas, mesmo quando o Estado Central se desresponsabiliza, num contexto de reiterado incumprimento da Lei das Finanças Locais e de transferência de competências basilares, sem o devido financiamento, afrontando a autonomia do Poder Local e obrigando a desviar recursos das suas atribuições próprias.
Com tanto em jogo, a nível local, nacional e internacional, celebrar o 25 de Abril e o 1.º de Maio – que as trabalhadoras portuguesas e os trabalhadores portugueses apenas puderam voltar a celebrar em Liberdade em 1974, naquela que foi uma das maiores manifestações populares da nossa história – assume uma importância fulcral, que transcende a memória e reafirma a importância da luta e do envolvimento das pessoas nos processos de transformação.
É urgente cumprir a Constituição da República Portuguesa em todas as suas dimensões e convocar a capacidade de esperança, resistência e sonho que nos deu a Revolução dos Cravos!
Reunida a 16 de abril de 2025, a Câmara Municipal de Palmela saúda o 51.º aniversário do 25 de Abril de 1974, o 1.º de Maio e os 49 anos da Constituição da República Portuguesa, bem como as/os antifascistas que lutaram e resistiram, os militares de Abril, o povo que saiu à rua e, de forma geral, todas as pessoas que contribuíram e contribuem, diariamente, para a concretização dos Valores de Abril. Convida, também, toda a população do Concelho de Palmela a sair à rua, a marcar presença no extenso programa comemorativo e a exercer a sua cidadania de forma ativa, ao longo do ano, no movimento associativo popular, nas múltiplas manifestações sociais, culturais e desportivas e nos diferentes projetos de participação.
Viva o 25 de Abril de 1974!
Viva o 1.º de Maio, as trabalhadoras e os trabalhadores!
Viva a Constituição da República Portuguesa!”
Saudação PS
Ao 25 de Abril e ao 1.º de Maio
“Com o nascer do sol no dia 25 de Abril de 1974, não chegou apenas o fim daquela heroica madrugada, mas também surgiu uma nova luz que terminou com a fria noite de quase cinquenta anos de fascismo em Portugal.
O 25 de Abril marca um momento único da história de Portugal. É o momento em que se dá início a um profundo processo de transformação política e social. Guiados pelo ideal de uma sociedade melhor, mais livre e mais justa, os homens e mulheres que concretizaram esses ideais transformaram Portugal de um país atrasado, injusto e desigual, num país democrático, livre e mais justo.
A Democracia, a justiça social, a Igualdade de género, a escola pública, o sistema de segurança social para todos, o SNS, o poder local democrático, as melhorias das condições de trabalho e legislação laboral, a liberdade sindical, permitiu dar respostas sociais aos graves problemas com que o país se debatia.
Recordamos e destacamos, igualmente, a adesão e participação das/os portuguesas/es no primeiro dia 1 de maio em liberdade, em 1974, na esperança e confiança de um Portugal novo, inserido no campo das nações democráticas e progressistas em que os direitos essenciais do trabalho, melhores salários e condições de trabalho são defendidos e consagrados em lei.
Recordar e celebrar o 25 de Abril e o 1.º de Maio nas suas causas e promessas é igualmente reconhecer que o “caminho se faz caminhando” a cada passo, a cada época, a cada geração, dando resposta às novas exigências e aos novos desafios, e que a Democracia se constrói e reconstrói permanentemente, mantendo sempre viva a participação e o envolvimento das populações, com verdade e transparência.
Comemorar hoje o 25 abril e o 1.º de Maio, não deve ser apenas celebrar conquistas passadas, mas também desejar e lutar por um futuro mais justo, com mais igualdade e mais liberdade.
Assim como o sonho de uma sociedade melhor guiou o caminho para a Revolução dos Cravos e 1.º de Maio, esse mesmo sonho deve continuar a guiar-nos agora, esse mesmo desejo de mais igualdade e liberdade.
Saudamos os homens e as mulheres que ousaram e concretizaram o 25 de Abril e o 1.º de Maio, dando esperança e mantendo viva a importância da Liberdade e da Democracia!
Viva o 25 de Abril!
Viva o 1º de Maio!”