A Câmara Municipal do Barreiro encontra-se sob escrutínio após ter adjudicado 423 mil euros à empresa de comunicação Wonderlevel Partners (WLP), cujos líderes mantêm vínculos próximos com o Partido Socialista. O caso levanta suspeitas sobre a transparência dos contratos, sendo investigado pela Polícia Judiciária por indícios de corrupção passiva e ativa, prevaricação, abuso de poder e participação económica em negócio.

A autarquia barreirense surge como um dos principais clientes da WLP, com contratos atribuídos por concurso público e consulta prévia para serviços de consultoria de comunicação e assessoria de imprensa. No entanto, uma investigação jornalística revela que o Barreiro detém o contrato mais elevado celebrado por uma autarquia portuguesa com uma empresa de comunicação.

A relação da câmara com a WLP desperta preocupação, dado que a empresa é liderada por figuras com ligações diretas ao Partido Socialista: Luís Bernardo (CEO), António Galamba (General Manager) e Joana Réfega (Communication Director). A investigação suspeita que a WLP possa ter manipulado processos concursais para garantir contratos públicos, criando um cenário falso de concorrência.

O Bloco de Esquerda em comunicado, avança que exigiu que a Câmara do Barreiro explique a gestão dos fundos públicos e a fundamentação dos contratos. O grupo municipal já remeteu um requerimento ao presidente da Assembleia Municipal do Barreiro, André Pinotes, exigindo acesso à documentação relativa aos contratos estabelecidos com a WLP e outras empresas de comunicação.

Mesmo que os contratos tenham respeitado os procedimentos legais, são crescentes as críticas sobre as prioridades do executivo socialista. Enquanto a população do Barreiro enfrenta desafios como crise na habitação, falta de transportes públicos e degradação dos serviços municipais, a autarquia canaliza centenas de milhares de euros para serviços de marketing e comunicação.