O EI reivindicou ainda, em comunicado, a invasão de Mocímboa da Praia, na segunda-feira.

As fotografias de hoje mostram um grupo que chega a 16 pessoas em pose com uniformes militares, armas de fogo e de cara tapada no comando distrital da polícia - com sinais de ter sido incendiado -, e no edifício da administração local de Quissanga.

Alguns elementos aparecem sempre nas diferentes fotos, algumas do mesmo local, tiradas de diferentes ângulos.

Uma das imagens foi republicada pelo embaixador da União Europeia em Moçambique, António Gaspar, na sua conta da rede social Twitter: "Consternados com a escalada da violência em Cabo Delgado", referiu, depois de na segunda-feira ter expressado "apoio em todas as frentes para acabar com esta instabilidade no Norte do país".

Além das fotos que hoje mostram a bandeira em Quissanga, o EI reivindicou através dos seus canais o ataque e ocupação da sede de distrito de Mocímboa da Praia durante quase todo o dia de segunda-feira, desde as primeiras horas da madrugada.

"Os soldados do califado atacaram cinco posições de elementos do exército e polícia moçambicanos em Mocímboa da Praia", referiu o grupo 'jihadista' num comunicado em que fez referência a dezenas de mortes e feridos e exibiu as alegadas armas apreendidas.

O grupo conseguiu apanhar "armas, munições e múltiplos veículos, regressando depois em segurança às suas posições", concluiu.

O Governo moçambicano confirmou na terça-feira o ataque a Mocímboa da Praia, para onde se deslocaram os ministros do Interior e da Defesa e onde parte da população voltou a sair à rua para tentar retomar a atividade e a rotina, enquanto outros engrossaram a lista de deslocados, em busca de zonas seguras, segundo testemunhos ouvidos pela Lusa.

Não houve mais informação, nem sobre vítimas ou prejuízos em Mocímboa da Praia, sendo que residentes relataram ter encontrado corpos pelas ruas, além de vários edifícios incendiados.

As autoridades moçambicanas ainda não se pronunciaram sobre a ocupação de Quissanga desde a madrugada de hoje, que levou à fuga generalizada da população para locais seguros, como a Ilha do Ibo e Pemba, capital provincial.

Bartolomeu Muibo, administrador de Quissanga, disse à Lusa a partir de Pemba que desconhece se a vila continua ocupada por grupos armados ou se há residentes que já tenham regressado devido a dificuldades de comunicação com a zona.

O dirigente encontrava-se na ilha do Ibo quando o ataque aconteceu e dali viajou para a capital provincial, sem mais detalhes sobre o sucedido.

Outros contactos telefónicos efetuados pela Lusa ao fim da tarde revelaram-se infrutíferos.

A província de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques de grupos armados que organizações internacionais classificam como uma ameaça terrorista e que em dois anos e meio já fizeram, pelo menos, 350 mortos, além de 156.400 pessoas afetadas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e terras em busca de locais seguros.

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