
Duas pessoas morreram, incluindo uma mulher grávida, e outras duas sofreram ferimentos, na quinta-feira, na cidade de Maputo, ao serem atingidas por um autocarro que se despistou, após avaria nos travões.
Na quarta-feira, um outro veículo de transporte público incendiou-se numa zona dos subúrbios da capital, mas não houve vítimas.
Em declarações à Lusa, o presidente da Fematro, Castigo Nhamane, disse que os dois incidentes revelam fragilidades na manutenção dos meios de transporte de passageiros em Moçambique e a exposição a avarias, devido ao mau estado das rodovias.
"O Estado impõe que estes carros devem ser assistidos" em empresas específicas, porque são comprados através de financiamento público e entregues aos operadores a título de crédito.
No entanto, Nhamane acusa as oficinas responsáveis pela manutenção de autocarros e transportes públicos de comprarem peças usadas em lojas informais que proliferam nas cidades moçambicanas, algo que já motivou queixas, que "não são ouvidas".
O dirigente assinalou que, por sua vez, as entidades responsáveis por fazer a assistência justificam o seu deficiente trabalho com a falta de recursos, devido a atrasos no pagamento dos seus serviços por parte dos clientes.
"É impossível vermos o trabalho das inspeções [aos veículos] a trazerem resultados visíveis enquanto tivermos buracos que rebentem com a suspensão dos veículos", observou.
O presidente da Fematro também responsabilizou a "indisciplina nas estradas moçambicanas" pela elevada sinistralidade e constantes avarias nos autocarros.
"É preciso não esquecer o fator humano, há muita indisciplina nas nossas estradas, o que expõe os veículos a constantes acidentes", enfatizou.
A falta de crédito bancário e investimentos privados no transporte público de passageiros, devido à ausência de lucro, também impede os operadores de aceder a recursos que paguem pela reparação adequada dos autocarros.
"Em muitos países, o transporte público de passageiros é subsidiado pelo Estado, mas em Moçambique não, apesar de a tarifa praticada ser social" por imposição do Governo, explicou Castigo Nhamane.
Numa situação diferente encontra-se o transporte de carga, com uma frota maior, oficinas de manutenção bem equipadas e pessoal melhor preparado para a tarefa, porque o setor privado e a banca investem em peso e as regras são ditadas pelo mercado, comparou Nhamane.
O Estado, disse, limita-se ao papel de regulador e fiscalizador, no transporte de carga.
Além dos dois acidentes desta semana envolvendo autocarros de transporte de passageiros, as estradas moçambicanas têm sido frequentemente palco de incêndios e despistes de autocarros provocados por problemas mecânicos nos veículos, com mortes e feridos.
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