
A Morningstar DBRS afirmou nesta quarta-feira que os ganhos dos principais bancos portugueses deverão manter-se estáveis ou recuar gradualmente, acompanhando a descida dos juros, mas que continuarão a beneficiar de taxas estruturalmente altas.
“Para 2025, antecipamos que o crescimento agregado dos ganhos para os maiores bancos continue estável ou recue gradualmente. Esperamos que a margem financeira reflita o caminho de redução das taxas de juro”, refere a Morningstar DBRS num comentário divulgado.
“Os principais bancos portugueses deverão, ainda assim, continuar a beneficiar das taxas de juro estruturalmente altas e da melhor procura de crédito associada ao forte desempenho da economia portuguesa”, acrescenta a consultora.
No comentário, feito após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre pelos seis bancos analisados (Caixa Geral de Depósitos, Santander Totta, Millennium BCP, Novo Banco, BPI e Montepio-Geral), a Morningstar DBRS regista que o lucro “continuou forte” nos primeiros três meses do ano, “não obstante a descida esperada da margem financeira”.
No final dos primeiros três meses de 2025, estes seis bancos acumularam lucros de 1.253 milhões de euros, um resultado praticamente em linha com o registado no mesmo período do ano passado (1.257 milhões de euros).
Este “trimestre de resultados operacionais saudáveis deveu-se primariamente à ainda forte margem financeira” – que diz respeito à diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos – e à redução do custo do risco.
No primeiro trimestre, a margem financeira dos seis bancos analisados caiu 7,9% para 2.299 milhões de euros, uma redução atribuída “aos cortes persistentes das taxas de juro diretoras e aos mais altos custos de financiamento”.
“A nosso ver, é provável que a descida gradual da margem financeira persista este ano devido à compressão das margens de juro. No entanto, esperamos, também, que as taxas ativas estruturalmente mais elevadas e uma recuperação do volume de empréstimos apoiem a margem financeira”, expõem os autores.
De igual forma, a redução do montante para provisões e imparidades (99 milhões de euros, contra 271 milhões de euros um ano antes) “refletiu as correções em curso em bancos específicos e uma atualização dos modelos de risco para refletir um ambiente económico mais favorável” em que os bancos operam.
Também a melhoria da qualidade dos ativos foi destacada pela Morningstar DBRS, através da diminuição dos empréstimos não produtivos (NPL, em inglês).
No contexto da economia portuguesa, que em 2024 cresceu 1,9%, contra 0,7% na zona euro, e numa situação de pleno emprego, a Morningstar DBRS refere que estas condições têm limitado o aumento dos ativos problemáticos aquando do aumento de preços e das taxas de juros.
Ainda assim, a expectativa é de que as condições de financiamento continuem mais apertadas que na década anterior, “mesmo que a tendência seja a diminuição das taxas de juro”.
A contribuir para os riscos estão ainda os conflitos geopolíticos e uma possível guerra comercial transatlântica, que poderiam “aplicar alguma pressão financeira sobre as famílias e as empresas portuguesas.
Agência Lusa
Editado por Jornal PT50