
Quanto ao investimento, Lucas De Gaulejac, 'TCC manager - Technology Competency Center manager' da Richemont, responsável operacional pelo Centro Tecnológico da Richemont em Lisboa, em entrevista à Lusa não adiantou valores, mas admitiu que anda à volta das "dezenas de milhões".
"Estamos a planear investir significativamente em talento, para chegar a 400 pessoas, o que é, obviamente, um investimento significativo", acrescentou Lucas De Gaulejac.
"Também estamos a investir significativamente em imóveis", nomeadamente no centro de competências hoje inaugurado, com 3.200 metros quadrados, localizado no Green Campus, no Parque das Nações, com práticas de sustentabilidade "de vanguarda".
Atualmente, já foram contratados cerca de 100 profissionais e a ideia é atingir 400 dentro de três anos.
Um das razões para o grupo suíço ter escolhido Lisboa para instalar o seu primeiro 'hub' tecnológico fora da Suíça, que vai funcionar como uma extensão, deve-se muito ao ecossistema inovador da cidade e a "base de pessoas muito qualificadas" que a Richemont procura.
"Estamos à procura de pessoas qualificadas", nomeadamente perfis de engenheiros, e "temos um plano ambicioso, vamos tentar apoiar também pessoas qualificadas e requalificadas que queiram participar e trabalhar connosco", salientou o responsável.
"Estamos aqui há cerca de um ano e já recrutámos 100 pessoas e o plano é chegar às 400 nos próximos anos. Portanto, em termos de dimensão, o objetivo final é de cerca de 400 para já" em 2028, detalhou.
A Richemont, além de Genebra tem um centro em Xangai, mas que está dedicado à construção de infraestrutura e aplicações específicas para a China, pelo que o grupo não considera um 'hub' tecnológico.
"Adotámos uma visão global e, depois, começámos a analisar mais profundamente onde tínhamos as competências que procurávamos", já que este 'hub' "é uma extensão da nossa equipa em Genebra" e as "prioridades são as mesmas" que lá, contou Lucas De Gaulejac.
Além do talento e da proximidade, a capital portuguesa foi também escolhida por ter "muito boa literacia de inglês" e porque "é um centro de inovação da Europa, houve um investimento significativo do Governo, também do município, e tornou-se realmente uma cidade onde faz sentido investirmos", argumentou. Outro dos pontos fortes foi a "conectividade" e a "comunidade em si".
Assim, "tendo um local onde sabíamos que tínhamos bons parceiros, garantimos também que tem uma visão a longo prazo e sabemos que Lisboa está a investir em tecnologia a longo prazo. Por isso, para nós, também faz todo o sentido", reforçou, salientando que foram analisadas várias localizações, sem avançar nomes das cidades concorrentes da capital portuguesa.
"Acredito que, com o investimento feito ao longo dos anos, Lisboa se tornou muito interessante em termos de comunidade tecnológica e, por isso, queremos participar nisso".
Em primeiro lugar, "estamos a abrir muitas vagas, estamos a criar oportunidades de emprego. Também, e isso é algo com que a Richemont se preocupa, vamos continuar a qualificar os nossos colaboradores" e "isso significa que, pelo menos, estaremos a renovar o mercado em termos de competências tecnológicas", considerou.
A Richemont quer participar no ecossistema tecnológico e admite fazer parcerias com universidades, instituições, 'startups', incubadoras, entre outros.
"Sabemos que comunidade e tecnologia só funcionam quando se partilham ideias e se colabora, é muito importante para nós fazermos parte da comunidade que nos fez querer vir para cá", admitiu o responsável, salientando que o grupo já tem "algumas parcerias com universidades para um programa global", mas que procurará "ir além disso".
Além disso, o grupo suíço pretende reter talento, nomeadamente permitindo uma progressão na carreira.
"Vamos investir para assegurar o seu crescimento quando entram", para que não fiquem presos ao mesmo lugar, asseverou.
Este 'hub' "é uma extensão da equipa de Genebra, que lida com tecnologia à escala global para o grupo, vai cobrir as necessidades tecnológicas globais, mas também as de todo o grupo e das suas 'Maisons', que é como chamamos às nossas empresas".
Isso inclui desde inteligência artificial (IA), soluções e aplicações orientadas para negócios, operações internas ou para o cliente, tudo o que as 'Maisons' estão a utilizar para os seus clientes, entre outros.
"Teremos IA, teremos 'cloud', se quiser entrar em detalhes específicos (...), teremos todos os tipos de engenheiros": de 'cloud', de soluções, de 'software', de 'machine learning' [aprendizagem automática], apontou.
Para Lucas De Gaulejac, a tecnologia e as marcas de luxo trabalham em conjunto, ainda por cima num grupo que aposta na inovação.
O grupo Richemont tem 24 'Maisons' com uma presença global, em mais de 150 localizações, a maioria tem presença comercial em Portugal, através das suas 'boutiques' ou de parceiros externos.
ALU //EA
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