Nunca os bancos que operam em Portugal tiveram resultados líquidos tão elevados: 6288 milhões de euros no final de 2024, mais 717 milhões do que em 2023. Segundo um relatório do Banco de Portugal divulgado nesta segunda-feira, estes números são explicados pelo aumento da margem financeira (137 milhões), pelo aumento das comissões (mais 124 milhões) e pela diminuição das provisões para incumprimento de crédito (menos 1233 milhões de euros).

No final do ano passado, o montante total de empréstimos concedidos pelos bancos aos particulares foi de 132,8 mil milhões de euros, mais 4,9 mil milhões do que no final de 2023. O crédito à habitação conheceu um forte impulso através das medidas de estímulo para o setor da habitação, como a isenção de IMT e de imposto de selo para compradores até aos 35 anos, que entraram em vigor em agosto de 2024. O total do ‘stock’ de crédito à habitação era, no final do ano passado, de 102,4 mil milhões de euros.

Em sentido contrário evoluiu o crédito concedido às empresas não financeiras, registando uma diminuição de 747 milhões de euros em 2024.

A reestruturação do setor bancário continuou em 2024 com o encerramento do número de agências pealo 14º ano consecutivo. No final de 2024, existiam 4502 agências bancárias espalhadas pelo País. “Desde o valor máximo de 8106, observado em 2010, foram encerradas 3604 agências. Esta evolução tem sido particularmente evidente na atividade interna, com o fecho de cerca de metade dos balcões”, refere o Banco de Portugal, acrescentando que “a tendência foi transversal à maioria dos grupos bancários, com exceção de algumas instituições de natureza mais regional, que assumiram a importância da proximidade ao cliente e da criação de novos bancos”.

Já em relação ao número de colaboradores, a tendência é inversa e tem vindo a subir pelo terceiro ano consecutivo. “No final de 2024, o setor empregava 59 846 trabalhadores, mais 987 do que em 2021, ano em que a série atingiu o valor mínimo”, refere aquele documento.

Em termos de meios de pagamento, os portugueses mantiveram a sua preferência por meios de pagamento eletrónicos. Nas operações baseadas em cartão, além das compras, voltou a destacar-se a componente “outros”, que representava 26% do total das operações baseadas em cartão, e que inclui, nomeadamente, os pagamentos de baixo valor associados a portagens e estacionamentos, e as transferências imediatas efetuadas com cartão.

Já os levantamentos de numerário em caixas automáticos (ATM) reduziram-se no ano passado. Em 2024, os levantamentos de numerário representaram apenas 15% do total das operações baseadas em cartão (há 25 anos representavam cerca de 40%).