No comunicado emitido, quarta-feira, pela Federação Portuguesa de Judo, devido à bombástica notícia da véspera avançada em primeira mão por A BOLA, de que a federação internacional havia suspendido a FPJ por um ano devido a dívida de 800 mil euros, que começa em 2023 e vai até 2024, por causa da falta de pagamento das cauções da organização de dois grand prix e Mundial de juniores, o presidente federativo Joaquim Sérgio Pina abriu a missiva que, assina, dizendo que «estes são dias negros para o judo em Portugal.

A BOLA conversou com o líder federativo, que continua a desdobrar-se em reuniões para tentar, pelo menos, minorar o problema, e este ainda foi mais longe. «Talvez isto seja o período mais negro do judo nacional. Muito mais do que aquela guerra que os judocas olímpicos fizeram [ao anterior presidente, Jorge Fernandes] e que teve aquele desfecho [destituição]».

«Não é tanto os diretores, os treinadores e todos os outros que mais me preocupa. É essencialmente aqueles que nos fazem cá estar: os atletas. E estarmos próximos de um Mundial e eles terem, mais uma vez, de viver situações complicadas. Agora tendo participar sob a égide da FIJ e não de Portugal. E como estou convencido que haverá medalhas de ouro, custa-me terem de ouvir o hino da FIJ», confessa.

«Mas foi a sanção que nos foi aplicada e que temos de respeitar. Só vamos ter de, o mais rapidamente possível, inverter esta situação de forma a que a normalidade volte», foi dizendo.

E se, na véspera, Pina havia tido a esperança que a Seleção ainda pudesse lutar no Mundial de Budapeste, entre 13 e 19 de junho, com os dorsais a dizer POR em vez de IJF, até porque justificara, a razão — troca de dois dígitos do IBAN —, para que a transferência de 50 mil euros para abater a dívida, não se tivesse efetuado no final da passada semana, agora até essa caiu. «Mesmo depois de todos os contactos feitos ao longo do dia já não a tenho. Mas asseguraram-me que não terão de combater com dorsais AIN (atletas independentes da nacionalidade, neutros), como acontecia com russos e bielorrussos», norma, entretanto, revogada também para aqueles após os Jogos de Paris 2024. «Terão um dorsal IJF [FIJ] e caso vençam tocará o hino da IJF», confirma. 

Tem intenção de conversar com os judocas antes do Mundial? «Tenho. Quero estar no próximo estágio de preparação e falar com eles pessoalmente porque isto é um peso enorme. Sei o que aqueles seis [Catarina Costa, Taís Pina, Patrícia Sampaio, Miguel Gago, Otari Kvantidze e Jorge Fonseca] vão sentir por, de certa forma, não irem estar a representar Portugal. Ponho as mãos no fogo por eles que isto lhes vai causar uma tristeza enorme. Tenho de lá ir», reforçou.

E como tudo se irá resolver? «Só pagando. Apenas não sei se terá de ser logo a totalidade. Como federação não temos capacidade [recebe do estado 1,2 milhões para todas as atividades], por isso teremos de recorrer aos apoios, mesmo que não sejam só de uma organização que nos tutela. Teremos de bater a várias portas. Esse está a ser o caminho», conta ainda o líder da FPJ, adiantando ainda que «não apresentar qualquer recurso à FIG». «Até porque estaria logo limitado devido à decisão da suspensão de um ano com efeito imediato ter saído do Conselho de Disciplina. Começou a 23 de maio», frisou.

Onde Sérgio Pina, nem nenhum elemento da Direção, não irão estar é no Congresso da FIJ, que antecede o Mundial. «Não vamos. Poderíamos estar lá, mas faríamos figura de corpo presente. Pedi-lhes um parecer, que recebi hoje, e ao estarmos suspensos perdemos direitos e obrigações. Um é exercer o direito de voto. Não quero ser um mero figurante», concluiu.