
André Villas-Boas marcou presença esta quinta-feira no Tribunal de São João Novo para o julgamento da Operação Pretoriano.
A terceira sessão do julgamento da Operação Pretoriano decorre esta quinta-feira no Tribunal de São João Novo, no Porto. Entre os depoentes está André Villas-Boas, presidente do FC Porto, que comparece como assistente no processo. O líder dos dragões começou por dar a sua versão sobre o que aconteceu na Assembleia Geral de 13 de novembro:
«Não estive na AG extraordinária, apenas na fila de acreditação. Não cheguei a entrar. Quando chego ao Dragão sou convidado por associados para juntar-me à fila, dá-se compasso de espera para decisão sobre mudança de local, informação ia circulando e circula informação que há potencial mudança de local».
«Já dobro a esquina para a entrada do P1 e falo com o meu advogado, provavelmente estaria a ser infringidos o estatutos com mudança de local, recebo informação para o que se estava a passar e advogado acha por bem que não participasse e me retirasse do local. Não cheguei a fazer acreditação. Sobre o que se passou no auditório e Dragão Arena circulava informação», acrescentou.
André Villas-Boas explicou que, caso tivesse votado, teria sido contra a alteração dos estatutos, pois considerava que a proposta poderia influenciar o calendário eleitoral:
«As propostas foram comunicadas na comunicação social, sabia-se antecipadamente os pontos debatidos na alteração estatutária. Se tivesse votado era contra a alteração dos estatutos. Todas as AG extraordinárias relativamente à alteração de estatutos são importantes, houve um grande movimento orgânico dos sócios, os estatutos são a lei fundamental de um clube, há uma grande mobilização em qualquer clube do mundo. Não era assim até essa Assembleia. Estava em causa a mudança dos estatutos a seis ou sete meses das eleições, até podia implicar esticar no tempo a data das eleições»
Depois da pausa dos 15 minutos, André Villas-Boas voltou a falar sobre a AG:
«Ouvi rebentamento de petardos, quando comecei a descer a Alameda, depois fui acompanhando pela comunicação social. [Organização das AG?] Mudámos a organização das AG, atualmente passam pelo departamento das operações, temos um vice-presidente com responsabilidade das AG, antigamente não sei».
André Villas-Boas visou os Super Dragões:
«Os novos estatutos permitiam que o financiamento fosse mais facilitado. Na nossa auditoria aliás foram detetadas várias ilegalidades. O protocolo com os Super Dragões foi revisto, não havia controlo nenhum e o FC Porto foi lesado em vários milhões».
«Essa alteração seria uma maneira mais fácil de saldar essa dívida que os Super Dragões tinham com o FC Porto. Não é normal que o FC Porto pague despesas de viagens a membros da direção dos Super Dragões. Era um privilégio e um abuso», disse mais à frente.
André Villas-Boas foi questionado sobre a entrada de não sócios na AG:
«Fomos acedendo a informações que circulavam através de grupos e núcleos dos Super Dragões no Whatsapp que estavam a captar cartões de sócios para que não sócios pudessem aceder à AG, mas não posso confirmar veracidade das mesmas. Disseram-me que andavam a perguntar quem era meu apoiante e eram agressivos com essas pessoas».
«As câmaras no Dragão Arena são controladas por segurança. Se viram para um lado ou outro é porque alguém as virou?», perguntou a juíza, ao que André Villas-Boas respondeu: «Normalmente sim, elas não mudam sozinhas. Um novo foco de disrupção pode levar a uma mudança».
André Villas-Boas negou que Bruno Branco fosse seu segurança e assumiu ter pedido ao advogado para chamar a polícia à Assembleia Geral quando soube dos desacatos e disse ainda:
«Ninguém gosta de ver associados do FC Porto com comportamentos indignos e intimidatórios para com outros associados. Destaco também a passividade dos anteriores órgãos sociais. Ficaram inertes perante o que estavam a ver».
A juíza informou André Villas-Boas que terá de regressar ao tribunal para esclarecer um alegado incentivo à cedência de cartões de sócio caso os titulares não pudessem comparecer para votar. A questão surgiu após um pedido de Cristiana Carvalho para anexar um vídeo em que Villas-Boas alegadamente encoraja os sócios a participarem nas eleições e, caso estivessem impossibilitados, a pedirem a outra pessoa para votar por eles.
A procuradora considerou que o vídeo se refere apenas ao ato eleitoral e, por isso, não está diretamente relacionado com o caso em julgamento. Os advogados de defesa não apresentaram objeções, enquanto a advogada do FC Porto pediu cinco dias para analisar o conteúdo antes de se pronunciar.
Podes ler AQUI declarações de Fernando Madureira em tribunal.