Durante uma comunicação ao país, horas depois de dois ataques com mísseis lançados pelas forças iranianas contra bases militares no Iraque que albergam militares norte-americanos, Donald Trump disse não querer uma guerra com o Irão e pediu aos aliados para colaborarem no processo de paz no Médio Oriente.

"Vou pedir à NATO para se envolver mais nos processos de paz do Médio Oriente", disse o Presidente norte-americano, recordando os esforços que tem feito no seu mandato para estabilizar a região, nomeadamente no combate contra o movimento terrorista do Estado Islâmico.

Trump voltou a passar a mensagem de que os EUA se querem retirar dos cenários de guerra no Médio Oriente e mencionou o facto de o seu país se ter tornado "o maior produtor de gás natural e de petróleo", ficando autossuficiente neste setor.

"Não precisamos do petróleo do Médio Oriente", concluiu Trump, para explicar a sua estratégia de abandono da região.

O Presidente repetiu ainda críticas ao tratado nuclear com o Irão, que ele decidiu abandonar em 2018, recordando que o acordo "termina em breve" e "abrirá caminho" para que o Irão possa produzir armas nucleares.

"Chegou o tempo para a China, a Rússia, a França, a Alemanha e o Reino Unido reconhecerem essa realidade", disse Trump, referindo-se aos países que ainda se mantêm no acordo nuclear com o Irão.

"Temos de fazer um novo tratado com o Irão que faça do mundo um lugar mais seguro", concluiu o Presidente.

"O Irão pode ser um bom país. Mas não haverá paz no Médio Oriente enquanto o Irão mantiver a sua atitude", sustentou Trump, repetindo a ideia de que o regime iraniano não pode continuar com a postura que tem mantido, financiando movimentos terroristas.

O Presidente norte-americano recordou que os EUA têm inimigos comuns com o Irão, como é o caso do movimento extremista autoproclamado Estado Islâmico, dizendo que os dois países "devem lutar juntos" contra esse movimento terrorista, lembrando a morte do seu líder, Abu al-Baghdadi, como um dos feitos do seu mandato como Presidente.

"Ele era um monstro", disse Trump, referindo-se ao terrorista que foi morto em outubro de 2018, por uma operação militar conduzida por forças especiais dos Estados Unidos.

Mais de uma dúzia de mísseis iranianos foram lançados hoje de madrugada contra duas bases iraquianas com tropas norte-americanas, em Ain al-Assad (oeste) e Erbil (norte), em mais um episódio de aumento da tensão entre Washington e Teerão.

O ataque foi reivindicado pelos Guardas da Revolução iranianos como uma "operação de vingança", em retaliação pela morte do general Qassem Soleimani, comandante da sua força Al-Quds, na sexta-feira, num ataque aéreo em Bagdad ordenado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.

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