Os dados foram avançados pelo portal de notícias G1, que acrescentou que nos 12 meses de 2019 foram registadas 82.663 armas de fogo pela polícia federal.

O registo de arma de fogo autoriza o proprietário a manter uma arma exclusivamente no interior da residência ou no local de trabalho e é válido por dez anos. O porte de arma concede ao cidadão o direito de andar armado.

A liberalização da posse e do porte de armas foi uma das principais promessas de campanha eleitoral do atual Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, eleito em outubro de 2018 e empossado em janeiro seguinte.

No primeiro ano de mandato, o chefe de Estado publicou oito decretos a flexibilizar a posse e o porte de armas, mas teve de recuar na maioria das vezes porque as medidas desencadearam controvérsias e contestações judiciais, com vários opositores a explicar que o aumento de armas só ia agravar a violência num país com uma elevada taxa de homicídios.

Em maio último, o ex-ministro da Justiça do Brasil Sergio Moro afirmou que foi pressionado por Bolsonaro para aprovar uma portaria que aumentou em três vezes o acesso a munições no país.

A norma em causa, assinada em 23 de abril, elevou de 200 para 600 o número de projéteis permitidos anualmente por cada registo de arma.

Um dia antes da publicação do decreto, numa reunião ministerial realizada em 22 de abril, Bolsonaro afirmou que queria armar a população para evitar a instauração de uma ditadura no Brasil, determinando que Sergio Moro, à época ministro da Justiça, e a Fernando Azevedo, ministro da Defesa, assinassem a portaria.

"Como é fácil impor uma ditadura no Brasil, como é fácil. O povo está dentro de casa. Por isso eu quero, ministro da Justiça e ministro da Defesa, que o povo se arme", afirmou Bolsonaro, num vídeo divulgado pelo Supremo Tribal Federal.

"Peço ao Fernando [Azevedo e Silva, ministro da Defesa] e ao Moro [Sergio Moro, ex-ministro da Justiça], por favor, assinem essa portaria hoje [22 de abril] que eu quero dar (...) um recado [a governadores e prefeitos]. Porque é que eu estou armando o povo? Porque eu não quero uma ditadura! Não dá para segurar mais", acrescentou o chefe de Estado.

No vídeo, o Presidente brasileiro pediu ainda aos ministros para "escancararem a questão do armamento".

"Eu quero todo o mundo armado! Que o povo armado jamais será escravizado. E que cada um faça, exerça o seu papel. Se exponha", reforçou Bolsonaro.

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