O procurador federal Carlos Rivolo, em declarações à EFE, revelou que está concluída a fase de investigação e que pediu que à juíza do caso, María Eugenia Capuchetti, o envio para julgamento.

O principal detido é Fernando Sabag Montiel, acusado de ser o autor de um tiro no rosto da vice-presidente, estando também detidos a namorada, Brenda Uliarte, como alegada coautora do crime de homicídio, e Nicolás Carrizo, de cujo telemóvel teriam sido feitas comunicações relacionadas com o ataque e que é considerado um participante secundário.

O ataque fracassado aconteceu quando Sabag Montiel, um brasileiro na época com 35 anos, abordou Cristina Fernández enquanto cumprimentava apoiantes do lado de fora da sua casa em Buenos Aires e que mostravam o seu apoio dias depois de um promotor deduzir acusação no julgamento em que foi acusada de crimes de corrupção durante o seu mandato como presidente (2007-2015).

Desde então, a vice-presidente, que acabou condenada em dezembro a seis anos de prisão e inabilitação política perpétua - sentença que ainda não transitou em julgado -, reiterou críticas à Justiça, que acusa de persegui-la.

Além disso, no início deste mês, Cristina Fernández protestou contra o suposto "encobrimento" do ataque e acusou Patricia Bullrich, candidata presidencial da principal coaligação de oposição do país.

No Twitter, a ex-presidente referiu uma reportagem do jornal argentino Página 12 revelando que uma testemunha-chave do caso, a ex-assessora do deputado oposicionista Gerardo Milman, disse ao tribunal que não apagou dados do telemóvel "por vontade própria, mas foi levada aos escritórios de Patricia Bullrich, onde um perito removeu o conteúdo do seu dispositivo, o de outro conselheiro e o do próprio Milman".

Segundo o jornal, a testemunha estava com Milman num bar quando outro funcionário do Congresso o ouviu dizer "quando eles a matarem, estou a caminho do litoral", apenas dois dias antes do ataque.

"É muito impressionante não só a naturalização da violência política contra mim, mas também o encobrimento da tentativa de assassinato que ocorreu em 01 de setembro", disse Cristina Fernández.

Bullrich, que foi ministro da Segurança durante o governo de Mauricio Macri (2015-2019), reagiu de seguida: "Não sabem mais o que inventar diante do fracasso total e absoluto do seu patético cogoverno. Comigo, em 10 de dezembro, o kirchnerismo terminará", observou.

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