
"Estamos proibidos de falhar, temos de criar um ambiente de paz plena e duradoura, para que Moçambique deixe de ser visto como um país de conflitos recorrentes e de vários acordos [posteriores, de pacificação], o que não ajuda a atrair investimentos que tanto precisamos para criar mais emprego para a nossa população e para a juventude", disse o presidente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).
A posição de Daniel Chapo foi assumida na intervenção de abertura, em Maputo, do simpósio da Frelimo alusivo à celebração dos 50 anos da independência nacional e dos 63 anos do partido, em que o Presidente moçambicano e do partido no poder desde 1975 voltou a pedir esforços coletivos para a manutenção da paz no país, defendendo ser essencial para o desenvolvimento.
"Os investimentos nacionais e estrangeiros, para colocar os seus investimentos, precisam de um país em paz e segurança e com estabilidade política, económica e social", apelou Daniel Chapo, indicando que é urgente "acabar com o ciclo de violência", para Moçambique se concentrar no desenvolvimento.
"O compromisso do diálogo nacional e inclusivo que estamos a liderar precisa de ser alimentado com experiências que acumulamos como país e como moçambicanos, cruzando com experiências e sucesso noutras geografias desse planeta terra", acrescentou.
Ao discursar na abertura do simpósio, Daniel Chapo defendeu que a independência foi possível devido à unidade nacional, valor que continua a orientar os moçambicanos.
A vitória da nossa epopeia libertária e a consequente proclamação da independência nacional a 25 de junho de 1975, só foram possíveis graças à unidade nacional (...). A unidade nacional foi e continua a ser o estandarte da Frelimo na sua visão de edificar uma sociedade moçambicana mais justa, democrática, próspera e solidária", acrescentou Daniel Chapo, pedindo aos moçambicanos para revisitarem a história do país como caminho para reconhecer o caminho até à independência nacional.
Moçambique viveu quase cinco meses de tensão social, com manifestações, inicialmente em contestação aos resultados eleitorais de 09 de outubro, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, saldando-se na morte de 400 pessoas e destruição de bens.
O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 mortos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.
Os partidos moçambicanos com assento parlamentar e nas assembleias municipais e provinciais assinaram em 05 de março um compromisso político com o Presidente de Moçambique, visando reformas estatais, o qual foi, posteriormente, transformado em lei pelo parlamento moçambicano.
Em 23 de março, Mondlane e Chapo encontraram-se pela primeira vez e foi também assumido um compromisso de acabar com a violência pós-eleitoral no país, tendo voltado a reunir-se em 21 de maio com uma agenda para pacificar o país.
Em 25 de junho de 1975, Samora Machel, primeiro Presidente de Moçambique e histórico líder da Frelimo, que conduziu a luta de libertação, proclamou a independência nacional, após uma luta contra o regime colonial português que começou em 25 de setembro de 1964.
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