Filipe Francisco Dias vai passar à reserva na efetividade, sob proposta do ministro do Interior, Amade Miquidade, segundo um comunicado da presidência.

Segundo a mesma nota, o chefe de Estado moçambicano também determinou a passagem à reserva de Benigno Tique Jonasse, Cornélio Alberto Manguko, Zacarias Cossa e Francisco Almeida, também oficiais generais da polícia.

A decisão do Presidente moçambicano ocorre num momento em que as Forças de Defesa e Segurança apontam como principal desafio os ataques de grupos armados em Cabo Delgado, incursões que já provocaram pelo menos 400 mortos desde outubro de 2017 e são classificadas por organizações internacionais como uma ameaça terrorista.

Na quinta-feira, o Conselho Nacional de Defesa e Segurança (CNDS) de Moçambique assumiu, pela primeira vez, que o país enfrenta uma "agressão externa perpetrada por terroristas" em Cabo Delgado.

"O CNDS analisou a situação dos ataques na província de Cabo Delgado e concluiu que o facto da autoria dos mesmos ser reivindicada pelo Estado Islâmico, uma organização terrorista, revela que estamos em presença de uma agressão externa perpetrada por terroristas", referiu uma nota da presidência da República, emitida após uma reunião da CNDS em Maputo.

As autoridades moçambicanas contabilizam 162 mil afetados pela violência armada naquela província, 40 mil dos quais deslocados das zonas consideradas de risco, maioritariamente situadas mais para o norte da província, e que estão a receber assistência humanitária na cidade de Pemba, a capital provincial.

No final de março, as vilas de Mocímboa e Quissanga foram invadidas por um grupo, que destruiu várias infraestruturas e içou a sua bandeira num quartel das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.

Na ocasião, num vídeo distribuído na Internet, um alegado militante 'jihadista' justificou os ataques de grupos armados no norte de Moçambique com o objetivo de impor uma lei islâmica na região.

Foi a primeira mensagem divulgada por autores dos ataques que ocorrem há dois anos e meio na província de Cabo Delgado, gravada numa das povoações que invadiram.

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