"No particular momento de crise que estamos a enfrentar, devido à pandemia da covid-19, as famílias ganharam um peso especifico por serem absolutamente fundamentais no combate a essa doença", disse o chefe de Estado, numa mensagem alusiva ao Dia Internacional das Famílias, que hoje se assinala. 

Para o mais alto magistrado da Nação cabo-verdiana, é no seio das famílias que se vence ou se perde a batalha contra o nova coronavírus, doença que já registou 326 casos no país. 

"Se as medidas de higiene pessoal, a consciencialização relativamente às demais práticas preventivas não forem assumidas e cultivadas no seu seio, muito possivelmente não serão praticadas fora dela, comprometendo todo o processo", sustentou. 

O Presidente cabo-verdiano reconheceu, porém, que a família exerce esse papel num quadro de "elevadas pressões", decorrentes do confinamento social, que "obriga a um convívio anormalmente intenso dos seus membros, muitas vezes em condições físicas muito precárias, o que pode potenciar conflitos latentes". 

"Num contexto em que os rendimentos de grande parte das famílias podem estar seriamente comprometidos e em que o núcleo familiar tem de absorver as crianças e jovens com atividades escolares interrompidas, para além de proteger dos seus idosos, a importância da família assume importância ímpar", prosseguiu. 

Entretanto, Jorge Carlos Fonseca sublinhou que as condições das famílias são desiguais, já que, se umas podem fazer face a essa "terrível realidade" com alguma tranquilidade, o mesmo não se poderá dizer de uma boa parte das famílias cabo-verdianas. 

"As suas condições de habitação, trabalho, educação e rendimento são muito limitadas e, por isso, têm de ser objeto de atenção especial", pediu o chefe de Estado, apelando também que os apoios sejam intensificados, para que o sacrifício das famílias seja mais suportável. 

Perante a situação de emergência que o país está a viver, o Presidente disse que não se pode esquecer dos "grandes constrangimentos" por que passam grande maioria das famílias cabo-verdianas, reflexo das grandes desigualdades que ainda imperam na sociedade. 

"Apelamos ao Governo a ter sempre presente o papel central que as famílias devem ter no processo de desenvolvimento do país que se quer verdadeiramente inclusivo", sustentou Carlos Fonseca. 

Neste sentido, considerou que devem ser criadas as condições para que as famílias participem da elaboração de políticas que lhes dizem respeito.

"É fundamental que uma das manchas que ensombram a nossa sociedade - a violência baseada no género -, seja definitivamente erradicada", frisou. 

Na mensagem, o Presidente apelou a uma união de esforços das entidades estatais com as da sociedade civil organizada e um trabalho conjunto e em rede para "respostas adequadas e atempadas" para as famílias, principalmente as com menos condições. 

"Apesar das dificuldades, não devemos ser prisioneiros das circunstâncias limitantes que enfrentamos, mas devemos projetar um futuro mais proficiente para todos. Podemos, pois, aproveitar este período de readaptação para recriarmos os sistemas produção e distribuição dos recursos no país, reimergindo-nos mais equitativos e justos", projetou. 

"As famílias desempenham um papel determinante nesses processos, pelo que, mais do que nunca, é imperativo garantir a sua funcionalidade, entreajuda e cooperação", continuou o chefe de Estado, pedindo união de todas as famílias cabo-verdianas, no país e na diáspora. 

As Nações Unidas proclamaram na década de 1990 a celebração de 15 de maio como o Dia Internacional das Famílias. 

Dos 326 casos acumulados de covid-19 em Cabo Verde, 267 foram diagnosticados em Santiago, 56 na Boa Vista e três em São Vicente. 

Registaram-se dois óbitos, dois doentes transferidos para os seus países e 67 considerados recuperados, totalizando 265 casos ativos no arquipélago.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 302 mil mortos e infetou quase 4,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios. 

Mais de 1,5 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

 

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