A nota referiu que o primeiro-ministro "está a acompanhar a situação na sala de isolamento de casos positivos para a covid-19 em Vera Cruz".

Esta situação está relacionada, de acordo com o comunicado, "com o caso do paciente positivo que morreu ontem à noite (domingo) e, que hoje de manhã, o ex-Presidente da República e ex-primeiro-ministro Xanana Gusmão, tentou impedir o Governo de o enterrar de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde num cemitério específico para casos covid-19, em Metinaro".

Segundo a nota, "dada esta situação, o chefe do Governo encoraja os médicos e as equipas na linha da frente a continuarem a trabalhar, a não ficarem tristes e nem perderem a esperança porque o Governo e o Estado" estão ao lado dos profissionais de saúde.

"Lamento a situação de hoje em Vera Cruz, isto não devia acontecer. Ouvi que algumas pessoas apedrejaram uma ambulância e a nossa equipa da linha da frente, esta atitude não ajuda a combater a doença no nosso país", disse o primeiro-ministro, citado no comunicado.

"Enquanto primeiro-ministro, quero manifestar a minha solidariedade e apoio aos profissionais de saúde e às equipas na linha da frente na Sala de Situação, coragem e continuem a trabalhar, não estão sozinhos, o Governo e o Estado estão ao vosso lado", declarou Taur Matan Ruak.

De acordo com a nota, "esta situação está a criar sentimentos negativos de algumas pessoas contra os profissionais de saúde, sendo que algumas pessoas apedrejaram ambulâncias e não têm confiança nos médicos".

Um forte dispositivo policial está concentrado desde o final da manhã em redor do centro de isolamento de Vera Cruz, em Timor-Leste, onde se mantém um impasse relativamente à retirada do corpo de um homem que morreu com covid-19.

O líder histórico timorense Xanana Gusmão mantém-se intransigente e continua sentado debaixo de um toldo verde à porta daquele centro, localizado na travessa Rumbia, recusando abandonar o local, em solidariedade para com a família do falecido.

A cerca de 100 metros deste local encontra-se um forte contingente de efetivos da Polícia Nacional de Timor-Leste que impedem centenas de manifestante, maioritariamente jovens, de seguir para junto de Xanana Gusmão.

Momentos antes, o brigadeiro-general João Miranda 'Aluk', 2.º comandante operacional da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC) deslocou-se ao local para tentar convencer Xanana Gusmão a abandonar o seu protesto, mas sem êxito.

Responsáveis do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC) de Timor-Leste admitiram hoje que poderão recorrer à força, caso sejam impedidos de retirar o corpo do centro de Vera Cruz.

"Claro que vai haver resistência, mas vamos tentar esclarecer a situação e, em último caso, podemos ser obrigados a tomar medidas de força em relação a esta questão", disse o brigadeiro-general João Miranda 'Aluk'.

Aluk respondia à Lusa ao protesto de familiares do homem de 46 anos e do líder histórico timorense, Xanana Gusmão, têm mantido hoje à porta do centro de isolamento de Vera Cruz, para tentarem que o corpo seja entregue à família para o velório.

"Este homem não morreu de covid, estava doente há um mês em casa. A família está em boa condição física, que o levou para o hospital e diz que é mentira. Querem levar o corpo", afirmou.

Xanana Gusmão insiste que este tipo de situações estão a ajudar a aumentar a desconfiança da população sobre a covid-19 em Timor-Leste, e que vai ficar no local até que o corpo seja entregue à família.

O coordenador da 'task-force' para a Prevenção e Mitigação da covid-19, Rui Araújo, já explicou que o homem de 46 anos entrou no Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV) com um quadro grave, com tensão elevada, respiração dificultada e hemorragia.

"Pelo facto de ter frequência respiratória afetada, os médicos dos serviços de emergência deram atendimento e seguiram o protocolo normal, incluindo o teste PCR à covid-19", explicou.

"O resultado foi positivo com um nível ativo elevado de 25.1. O paciente foi transportado para Vera Cruz e foram recolhidas análises a três pessoas da família, das quais duas tiveram resultados positivos: ou seja, três dos quatro habitantes da casa deram resultado positivo", afirmou.

Rui Araújo mostrou-se sensibilizado com a importância dos rituais, usos e costumes, mas recordou que o vírus "está a propagar-se desenfreadamente, não só em Díli, mas noutras partes do território" e que todos devem cumprir as regras de saúde pública.

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