"O impacto deste tipo de criminalidade na segurança das pessoas e no desenvolvimento económico exige uma intervenção enérgica", disse Beatriz Buchili, no relatório anual de atividades do setor de justiça, cujo debate termina hoje na Assembleia da República (AR).

O sucesso do combate e prevenção dos raptos depende do esforço das instituições judiciárias, mas também da colaboração dos familiares das vítimas, estruturas administrativas de base, agentes económicos e da sociedade, em geral, acrescentou Buchili.

"Os locais que, normalmente, são usados como cativeiro, situam-se nos nossos bairros e a angariação dos valores para pagamento do resgate conta, algumas vezes, com o apoio de familiares, amigos ou agentes económicos mais próximos", referiu a procuradora-geral da República.

As autoridades judiciais, prosseguiu, vão continuar a apostar na investigação para a identificação, localização e responsabilização dos autores de raptos.

A promoção da integridade no comportamento dos agentes do Estado que trabalham nos serviços vocacionados ao combate à criminalidade estará também no centro das atenções, assinalou Beatriz Buchili.

A procuradora-geral da República avançou que 15 processos-crime por rapto foram abertos em 2019, mais um que no ano anterior.

Dos processos instaurados no último ano, foi deduzida acusação em seis e 10 encontram-se em instrução preparatória, incluindo um que transitou de 2018 para 2019.

Beatriz Buchili assinalou que as redes criminosas que protagonizam raptos tendem a alargar a sua ação para outras províncias moçambicanas, após um período inicial em que concentravam a atividade nas cidades de Maputo, Matola e Beira.

Na quarta-feira, a polícia moçambicana resgatou dois empresários, Rizwan Adatia e Manish Cantilal, duas das sete vítimas de sequestros registados no país desde o início do ano.

A situação fez com que a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) lançasse um apelo há duas semanas, solicitando "a quem de direito, ações enérgicas para estancar este mal que afugenta qualquer empreendedor ou investidor".

PMA (EYAC) // VM

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