Em conferência de imprensa na sede da Procuradoria-Geral da República, em Bissau, Fernando Gomes disse que existem três processos, referentes aos anos de 2007, 2019 e 2020.

O processo de 2007, cuja investigação está concluída, é sobre o "desaparecimento de 674 quilogramas de drogas", disse Fernando Gomes.

Questionado pelos jornalistas sobre os crimes de que Aristides Gomes é suspeito, Fernando Gomes disse que é "suspeito de vários".

Depois de os jornalistas insistirem se Aristides Gomes é suspeito dos crimes de peculato, participação económica em negócios, o procurador-geral da República afirmou: "E de muitos outros".

"Se ele quer saber que venha aqui", afirmou Fernando Gomes, depois de antes já ter afirmado que não existe qualquer mandado de detenção contra Aristides Gomes e que só lhe foi imposta a medida de coação relativa à obrigação de permanência em território nacional.

Aristides Gomes está refugiado na sede do Gabinete Integrado da ONU para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) há vários meses, depois de ter sido demitido de funções pelo atual Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló.

Fernando Gomes explicou que já enviou três notificações à representante do secretário-geral da ONU em Bissau e a Aristides Gomes, sem ter recebido qualquer resposta.

"Venha responder, caso não queira vir cá, que a representante nos autorize que enviamos dois magistrados para ser ouvido lá. Isto é a possibilidade de saber do que é acusado para se poder defender", afirmou.

Fernando Gomes disse também que deu garantias a Aristides Gomes.

"A sua segurança, a sua vida, a sua integridade física não está ameaçada, posso garantir. Ele pode ir para a sua casa que ninguém lhe vai tocar, mas ele tem de responder pelos crimes que está acusado desde 2007 até agora", garantiu aos jornalistas Fernando Gomes.

O procurador-geral da República lembrou também que a UNIOGBIS encerra a sua missão no país em dezembro e questionou sobre para onde irá Aristides Gomes.

"O nosso cidadão que se confinou nas instalações está com problemas, o que vai fazer passar para outra instituição diplomática?", questionou Fernando Gomes.

O coletivo de advogados que defende Aristides Gomes disse que nunca foi notificado pelo Ministério Público e considera o processo contra o antigo primeiro-ministro como uma "perseguição política", tendo apresentado quinta-feira uma queixa-crime contra o magistrado que está a dirigir a investigação.

Os advogados do antigo primeiro-ministro acusam o magistrado de "falsificação, prevaricação, usurpação de função pública, sequestro e mais crimes".

"Tenho a dizer que não me admira nada a apresentação desta mão-cheia de nada no Ministério Público, pois o 'modus operandis' é igual com as famosas quinhentas páginas vazias de provas apresentadas no contencioso eleitoral", disse Fernando Gomes.

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