
"Ainda há pouco tempo este Governo, que fazia sempre gáudio da paz social, não conseguiu sequer garantir paz social e evitar uma greve numa empresa pública, pondo as responsabilidades, as culpas, nos sindicatos, quando na realidade quem está a fazer a greve não são os dirigentes sindicais, são mesmo os trabalhadores", sustentou Pedro Nuno Santos em declarações aos jornalistas durante uma arruada em Évora.
Questionado sobre as declarações da véspera do ministro Miguel Pinto Luz, o líder do PS considerou que vêm "de alguém que não conseguiu evitar uma greve e que está a tentar responsabilizar os sindicatos" quando aquilo que está a acontecer "é uma paralisação total dos trabalhadores".
"Os dirigentes sindicais não conseguiam parar comboios", atirou.
A Fectrans exigiu hoje ao Governo mais ações do que discurso, para resolver a greve na CP -- Comboios de Portugal, que continua com 100% de adesão, considerando que "dizer 'é isto ou nada' não é uma posição de negociação".
Segundo a federação de sindicatos, a greve de hoje, sem serviços mínimos, continua, pelas 13:00, a manter parada a circulação de comboios da CP em todo o país, sendo este o cenário esperado para todo o dia.
"O ministro em vez de andar a fazer discursos públicos, devia ter, de facto, maleabilidade para discutir e não chegar a uma reunião e dizer 'é isto ou nada', isto não é uma posição de negociação", apontou José Manuel Oliveira em declarações à Lusa.
O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, acusou hoje os sindicatos que representam os trabalhadores da CP de terem parado o país com uma greve marcada por interesse político, em altura de eleições, vincando que o Governo "não cede a pressões" e que tentou negociar com os sindicatos, "indo ao limite" do que a lei permite a um executivo em gestão.
A paralisação, que se prolonga até 14 de maio, foi convocada contra a imposição de aumentos salariais "que não repõem o poder de compra", pela "negociação coletiva de aumentos salariais dignos" e pela "implementação do acordo de reestruturação das tabelas salariais, nos termos em que foi negociado e acordado", segundo os sindicatos.
A greve terá um especial impacto nos dias de hoje e quinta-feira, devido ao maior número de sindicatos (14) que aderiram à paralisação nestes dias.
Por decisão do Tribunal Arbitral, as greves não têm serviços mínimos.
JF (MPE) // JPS
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