
"Alcindo Monteiro era um jovem luso-cabo-verdiano de 27 anos que saiu de casa para se divertir e nunca mais voltou, foi vítima de um crime de ódio e racista por fundamentalistas violentos", afirmou Joana Mortágua, dirigente do BE.
A manifestação evocativa de Alcindo Monteiro, morto a 10 de junho de 2005, foi a maior de sempre, juntando mais de meio milhar de pessoas, um "sinal dos tempos", como referiu o dirigente comunista António Filipe.
"São mais as pessoas que tomam consciência da gravidade do discurso de ódio", afirmou o dirigente do PCP.
Tratou-se de um "crime de ódio e racista que deve ser assinalado particularmente num momento em que se acentua na sociedade portuguesa, como noutras sociedades, um discurso de ódio perigoso", afirmou, acrescentando: "o discurso de ódio mata, não queremos que voltem a haver em Portugal crimes de ódio como aquele que vitimou Alcindo Monteiro".
Por isso, o "PCP está presente nesta manifestação para afirmar os valores antirracistas, valores da tolerância, da convivência democrática de quem vive em Portugal, independentemente da sua proveniência", explicou António Filipe.
Alcindo Monteiro foi morto por um grupo de neonazis há 20 anos, com agressões na rua Garrett e no Largo do Carmo, onde terminou hoje a manifestação, convocada pelos movimentos Frente Anti-Racista e Vida Junta.
Para Joana Mortágua, a adesão mostra que ainda há quem resista a um "grupo fundamentalista que vai crescendo em expressão, que está contra os direitos, contra a igualdade, contra os princípios bases da democracia e dos direitos humanos".
"De um lado está o extremismo e o fundamentalismo e do outro está a decência", resumiu.
"Hoje vemos esse fundamentalismo violento a crescer, ele já não é minoritário, é alimentado pelos discursos que legitimam o racismo e a xenofobia e o ódio pelo outro, o ódio pela diferença", explicou a dirigente bloquista.
Nesse sentido, "no dia de Portugal é bom celebrar que a nossa história também é uma história onde se inclui a luta contra o racismo, a luta de povos africanos pela sua libertação e a luta pela democracia. E nessa história faz parte também a celebração das vítimas do ódio racista e da violência racista como é o caso de há exatamente 20 anos", acrescentou ainda Joana Mortágua.
PJA // SB
Lusa/Fim