"Este recolher obrigatório não deve ser entendido como um confinamento total ou 'lockdown', porque é uma restrição de movimentos que abrange apenas o período da noite", em que se têm verificado violações das recomendações sanitárias, justificou Nyusi.

A limitação geográfica da medida tem em conta que a região metropolitana de Maputo concentra a maioria dos casos, óbitos e internamentos por covid-19, sendo que, além da capital, o recolher obrigatório abrange os distritos adjacentes de Matola, Boane e Marracuene.

A restrição faz parte de um conjunto de 20 medidas anunciadas hoje numa comunicação à nação e que vão vigorar a partir das 00:00 de 05 de fevereiro (22:00 de 04 de fevereiro em Lisboa) por um período de 30 dias.

No essencial, são mantidas as restrições já em vigor no âmbito do estado de calamidade, reforçadas nalguns casos e ajustadas noutros.

Todo o comércio passa a ter de funcionar entre 09:00 e as 19:00 de segunda a sábado e até às 16:00 no domingo - sendo que restaurantes devem encerrar até às 20:00 todos os dias.

Os locais de culto, celebrações religiosas, conferências e reuniões vão fechar, são interditos eventos sociais privados e a retoma das aulas presenciais fica adiada em todos os escalões de ensino.

No desporto, é suspenso o Moçambola após a 4.ª jornada (que se joga no próximo fim de semana) e são proibidos jogos recreativos e de escalões amadores.

Passam também a ser exigidas medidas para impedir aglomerações em locais de atendimento público, com responsabilização das chefias dos serviços, caso aconteçam.

O uso de viseira não dispensa o uso de máscara, que já é de uso obrigatório no espaço público.

"É hora de lutarmos pela nossa sobrevivência coletiva", destacou Filipe Nyusi.

O chefe de Estado apelou ao cumprimento das medidas e a contrariar o medo que o contexto atual pode causar, referindo que esta "não é a hora" de divisões, mas de "procurar soluções".

O Presidente moçambicano revelou que o país está a mobilizar recursos para adquirir mais vacinas, além das já previstas através do mecanismo internacional Covax, de que Moçambique faz parte.

Nyusi escusou-se a avançar mais detalhes, reservando-os para quando a medida puder ser anunciada, e referiu que a vacinação terá como ponto de partida "o pessoal de saúde e em risco de contágio".

O chefe de Estado prometeu o reforço de camas de internamento, mais equipamentos de proteção individual para profissionais de saúde e testes rápidos nas urgências de maior volume, para encaminhamento mais célere de casos.

Moçambique registou só no mês de janeiro mais casos, mais internamentos e mais mortes por covid-19 do que em todo o ano de 2020, segundo os dados oficiais do Ministério da Saúde (Misau).

O país tem um total acumulado de 427 mortes e 42.488 casos, 60% dos quais recuperados.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.269.346 mortos resultantes de mais de 104,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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