"Na nossa visão, Moçambique vai continuar a enfrentar múltiplos desafios no seguimento da contração económica de 2020, ligados à pandemia de covid-19 e ao baixo desempenho do setor mineiro, além do impacto que sofreu devido aos eventos climáticos extremos, que afetaram as perspetivas de crescimento a longo prazo", escrevem os analistas.

Num comentário à economia de Moçambique, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas desta agência de 'rating' salientam que o país "é um dos mais afetados pelas condições climáticas", que se juntam aos "massivos desafios nas áreas sociais e de saúde por causa dos baixos níveis de riqueza e da grande severidade e frequência das catástrofes naturais, que agravem a crise humanitária causada pela insurgência contra o Governo".

Os ataques às populações de Palma, a cidade mais perto do projeto da Total na Área 1 de exploração de gás natural no norte do país, "deverão levar a atrasos no projeto, levando a um agravamento do défice da conta corrente de até 30% do PIB no período em análise, apesar da estabilização que se deverá verificar este ano".

O défice orçamental no ano passado, apontam, foi mais pequeno que o antecipado, ficando nos 5,2%, o que compara com a previsão anterior da S&P, que antevia um desequilíbrio de 7% nas contas públicas "porque o Governo foi cauteloso nos desembolsos, mas o défice deverá subir para 7% "devido ao aumento dos custos de segurança e de saúde, que serão parcialmente compensados pela descida no investimento público".

Sobre o rácio da dívida pública face ao PIB, um dos maiores da África subsaariana, os analistas estimam que se mantenha acima dos 100%, e alertam que "o serviço da dívida deverá provavelmente aumentar este ano, refletindo o fim das moratórias" sobre o pagamento da dívida acionados pelas instituições financeiras internacionais.

"Os riscos a estas previsões são negativos, dada a capacidade do Governo para lidar com os múltiplos desafios do país e resolver as causas subjacentes da insurgência, que coloca uma grande ameaça às perspetivas de crescimento e estabilidade a longo prazo", concluem.

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