
"É importante dizer que o desafio é identificar quem são os financiadores do terrorismo em Moçambique, tratando-se de um assunto internacional", disse o inspetor-geral do Ministério da Defesa Nacional, Victor Muiriquele, citado hoje pelo Notícias, diário de maior circulação em Moçambique.
Muiriquele afirmou que o facto de os patrocinadores dos grupos armados que atuam em Cabo Delgado atuarem a partir de fora do país torna complexa a sua localização e o bloqueio dos canais de financiamento da guerra no norte de Moçambique.
Aquele responsável do Ministério da Defesa Nacional avançou que a identificação dos financiadores dos grupos armados dominou o encontro do Grupo de Trabalho de Inspetores de Defesa da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que se realizou na terça-feira em formato virtual.
Ao nível da SADC, prosseguiu, decorrem esforços no sentido de melhorar a coordenação no combate ao terrorismo, incluindo a identificação das fontes de apoio aos grupos armados, acrescentou Victor Muirequele.
Os aludidos esforços vão complementar a ação militar em curso movida pelo contingente da SADC destacada para o combate à insurgência armada em Cabo Delgado, em colaboração com as forças governamentais moçambicanas e do Ruanda.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a SADC permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, incluindo Mocímboa da Praia, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio.
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