"Iremos persistir na estratégia 'prevenir casos importados e evitar o ressurgimento interno'", afirmou hoje líder do executivo de Macau, Ho Iat Seng, no seu discurso na Assembleia Legislativa durante a apresentação Linhas de Ação Governativa (LAG) para 2022.

O líder do território, que apenas registou 77 casos de covid-19 e zero mortes desde o início da pandemia, disse ainda que com base na experiência adquirida Macau vai continuar a "identificar as insuficiências e a corrigi-las, a trabalhar de forma minuciosa e séria na prevenção epidémica e a aumentar a capacidade de prevenção e controlo da epidemia", mantendo as autoridades "em alerta permanente".

Macau é um dos únicos territórios no mundo que continua a apostar numa política de casos zero, com quarentenas em quartos de hotel que podem chegar a 35 dias a quem chega de fora da China, continua a impedir a entrada de estrangeiros não residentes no território e recentemente começou a proibir a entrada a quem tenha tido covid-19 nos últimos dois meses.

Ainda assim, Ho Iat Seng frisou que o aumento da taxa de vacinação (neste momento é de cerca 58% com as duas doses) é o antídoto para o "reinício da circulação normal de pessoas entre Macau e o interior da China, Hong Kong e outras regiões".

Já na conferência de imprensa, Ho Iat Seng afirmou que a reabertura das fronteiras com o exterior poderá começar pelo sudeste asiático, sem especificar datas, lembrando que a Europa está neste momento a recuar em algumas das medidas de relaxamento da covid-19.

O foco de Macau deverá ser, contudo, a manutenção da fronteira aberta com o interior da China, que tem uma movimentação diária de cerca de 350 mil pessoas, explicou o chefe do Governo, acrescentando que abrir com o exterior poderá pôr em risco essa movimentação.

No documento apresentado hoje verifica-se também que o reforço das políticas patrióticas e contra as forças externas serão para manter para no próximo ano.

"Iremos promover a concretização e aperfeiçoamento do regime jurídico da defesa de segurança nacional em Macau e do seu mecanismo de execução, salvaguardar o poder pleno de governação do Governo Central sobre a RAEM, defender a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento do país e manter a estabilidade geral da sociedade de Macau", lê-se no documento.

Ho Iat Seng disse ainda que para o ano a proposta de lei sobre o aperfeiçoamento do regime jurídico de antiterrorismo será concluída e prometeu ainda que será "promovida a produção legislativa do regime do segredo".

A tónica do discurso será, portanto, para manter e reforçar: "Todo o pessoal da área de segurança deve manter-se em elevado grau de alerta e dar máxima atenção à segurança em geral do Estado e de Macau", lê-se no documento.

"Uma pessoa que cumpra a lei não precisa de estar preocupada", disse Ho Iat Seng.

A transferência da administração de Macau ocorreu no final de 1999, pouco mais de dois anos depois de a China ter recuperado a soberania sobre Hong Kong.

Em ambos os casos, Pequim aplicou o princípio "Um País, Dois Sistemas", que permitiu a Hong Kong e Macau manterem o sistema capitalista e o modo de vida, incluindo direitos e liberdades de que gozavam as respetivas populações.

As duas regiões têm autonomia em todas as áreas, exceto na diplomacia e na defesa.

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