
"É absolutamente essencial que o governo do Mali apresente um calendário aceitável para realizar eleições", disse Guterres durante um encontro com a imprensa.
António Guterres acrescentou que espera "contactar rapidamente" as novas autoridades em Bamaco.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) decretou no domingo o encerramento das fronteiras com o Mali e um embargo comercial e financeiro, sancionando duramente o plano da junta militar de continuar a liderar o país durante pelo menos cinco anos, em vez de organizar eleições presidenciais e legislativas em 27 de fevereiro, conforme se tinha comprometido antes.
Dois dias depois, na terça-feira, a junta militar pediu aos malianos que se manifestassem sexta-feira contra essas sanções, assumindo-se aberta ao diálogo.
O atual governo do Mali resultou de dois golpes de Estado, em agosto de 2020 e maio de 2021, após o impasse na luta contra o terrorismo 'jihadista'.
Chegados ao poder, os militares malianos contrataram a empresa privada russa Wagner para a ajudar no combate antiterrorista, em resposta à diminuição do dispositivo liderado pela França nas ações de combate aos grupos 'jihadistas' que têm mantido o país a ferro e fogo.
O novo poder em Bamaco tem até agora negado qualquer destacamento de mercenários russos no país, admitindo, no entanto, a presença de formadores russos, a par de formadores europeus.
Quinze países envolvidos na luta contra os 'jihadistas' no Mali, incluindo Portugal, denunciaram em 23 de dezembro o destacamento da empresa russa Wagner naquele país e o envolvimento do Governo da Rússia no apoio logístico.
A França, que mantém milhares de militares no Sahel a lutar contra a ameaça 'jihadista', tentou em vão dissuadir Bamaco de contratar os serviços do grupo russo Wagner.
Numerosos instrutores russos foram enviados nas últimas semanas, especialmente para a região de Tombuctu, segundo responsáveis oficiais militares malianos.
Ao fim de quase nove anos de presença, a França comprometeu-se em junho a reorganizar o seu sistema militar, deixando as suas três bases mais importantes na região norte do Mali (Tessalit, Kidal e Tombuctu) para se concentrar em Gao e Ménaka, nas fronteiras com o Níger e o Burkina Faso.
Este plano prevê a redução de efetivos dos atuais cinco mil para entre 2.500 e 3.000 até 2023.
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