
"Apelamos a todos os homens e mulheres líbios na capital Trípoli e em todas as cidades líbias para que tomem uma posição séria e genuína contra quem quiser iniciar uma guerra dentro da capital para alcançar ou preservar o ganho pessoal", disse o primeiro-ministro do Governo de Unidade, Abdul Hamid Dbeibé, em comunicado.
Os combates que eclodiram na madrugada de hoje em Trípoli provocaram, pelo menos, 12 mortos e 87 feridos, disse o Ministério da Saúde da Líbia.
Seis hospitais em Trípoli foram afetados pelos confrontos que levantaram outra vez receios de uma nova guerra na Líbia, que vive em caos com a divisão por dois governos rivais.
Os confrontos, com armas pesadas e leves, eclodiram repentinamente em vários bairros de Trípoli, com rajadas de armas e explosões.
Os distúrbios causaram pesados danos no coração da capital, segundo inúmeras imagens divulgadas nas redes sociais, que mostram carros carbonizados e prédios crivados de balas.
Os confrontos opuseram dois grupos armados influentes, na região oeste do país, onde algumas milícias apoiam o chefe do Governo com sede em Trípoli, Abdelhamid Dbeibah, e outras estão ao lado do chefe do governo rival, Fathi Bachagha, com sede em Sirte (centro) e que considera "ilegítimo" o executivo na capital.
Desde a sua nomeação, em fevereiro, pelo parlamento a leste, Bachagha tem tentado, sem sucesso, entrar em Trípoli, para estabelecer aí a sua autoridade, ameaçando usar a força para conseguir o seu objetivo.
Não ficou claro se os confrontos das últimas horas fazem parte de uma tentativa deste ex-ministro do Interior tomar o poder em Trípoli.
Bachagha é apoiado pelo general Khalifa Haftar, um homem forte no leste da Líbia, cujas forças tentaram conquistar a capital em 2019.
Dbeibah, por sua vez, afirma que só entregará o poder a um Governo eleito.
As tensões entre grupos armados leais a um ou outro dos líderes rivais foram exacerbadas nos últimos meses em Trípoli.
Em 22 de julho, os combates provocaram 16 mortos e cerca de 50 feridos.
Na terça-feira passada, a ONU disse estar "profundamente preocupada" com "as mobilizações militares" e pediu uma "diminuição imediata".
O governo em exercício em Trípoli tomou posse no início de 2020, a partir de um processo patrocinado pela ONU, com a missão de organizar eleições em dezembro passado, mas adiado indefinidamente devido a fortes divergências.
A Líbia mergulhou no caos após a revolta que derrubou o regime de Muhammar Kaddafi, em 2011.
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