A alternativa, designada teste HPV DNA, numa alusão à sigla em inglês para Papilomavírus Humano (responsável pelo cancro), permite "estratificar o nível de risco" de contração da doença e reduzir custos no tratamento.

"A importância do teste é mesmo essa: rastrear, estratificar o risco e focar-se naquelas mulheres que têm o maior risco. Estas é que realmente vão ser encaminhadas para os médicos especialistas, para exames mais específicos para outros tratamentos", disse à Lusa Alberto Seneque, diretor do laboratório da comunidade Sant'Egídio.

O responsável falava hoje em Maputo à margem da cerimónia de apresentação do estudo sobre a utilização do teste HPV DNA para o diagnóstico do cancro do colo do útero.

O rastreio em Moçambique é atualmente feito através do teste de Inspeção Visual com Ácido Acético (VIA) que deteta as lesões causadas no colo do útero, um método limitado pois depende "da pessoa que vê e também de algumas condições" da anatomia e fisiologia para dar "um resultado preciso", revelou o responsável.

Por outro lado, "o teste HPV é específico, no sentido de que vai detetar o agente causador no colo do útero", afirmou Alberto Seneque, acrescentando que, comparados os dois testes, o estudo releva que um quinto dos resultados é diferente.

De acordo com a análise, do total de 826 mulheres entre os 30 e os 35 anos que participaram no estudo, testadas através do HPV, 187 deram positivo para genótipos de alto risco, enquanto tiveram resultados negativos no teste VIA.

"É um número elevado de mulheres que está a ser perdido" do tratamento "e que devia merecer atenção", frisou Alberto.

Segundo o estudo, a adoção do teste HPV vai permitir também reduzir os custos envolvidos no programa nacional de combate ao cancro do colo do útero e consequentemente "relaxar" o sistema de saúde.

A análise revelou ainda que das 232 mulheres diagnosticadas positivas para o HPV, a prevalência é maior em mulheres com HIV positivo, num total de 139 (34%).

De acordo com dados avançados hoje, Moçambique regista por ano 5.325 casos de cancro do colo do útero e 3.850 óbitos.

Moçambique introduziu a vacina contra o Papilomavírus Humano?,responsável pelo cancro do colo do útero, a 24 de novembro, tendo como público-alvo crianças com pelo menos 09 anos.

A vacina é intramuscular e administrada em duas doses separadas por um intervalo de seis meses.

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