
Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 e o Alto Representante da UE apelaram esta segunda-feira urgentemente ao Irão para que retome a plena cooperação com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).
"Para chegar a uma resolução sustentável e credível, instamos o Irão a retomar urgentemente a plena cooperação com a AIEA, tal como exigido pela sua obrigação de salvaguardas, e a fornecer à AIEA informações verificáveis sobre todo o material nuclear na sua posse, incluindo o acesso dos inspetores da AIEA", afirmou o G7 num comunicado.
O G7 condenou as ameaças contra o chefe da AIEA, Rafael Grossi, e acrescentou que é essencial que o país não abandone o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e reiterou que "a República Islâmica do Irão não deve, em circunstância alguma, obter armas nucleares e instamos o Irão a abster-se de retomar as suas atividades de enriquecimento injustificadas".
O G7 apelou também a "todas as partes" para que evitem ações que possam desestabilizar ainda mais a região e concluiu que "Israel tem o direito de se defender", reiterando o seu apoio "à segurança" do país.
Em 26 de junho, Grossi afirmou estar "extremamente preocupado" com a aparente relutância do Irão em retomar as inspeções às suas instalações nucleares após os ataques de Israel e dos EUA.
Grossi reconheceu, em entrevista à rádio francesa RFI, que existe "uma certa tensão" nas relações entre a AIEA e o Irão, onde "há vozes políticas" que consideram que a agência da ONU "não foi parcial" por não ter condenado os ataques israelitas, o que levou os deputados a votarem a favor da suspensão da cooperação.
O chefe da AIEA referiu que, após a cessação das hostilidades, escreveu ao ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano para lhe dizer que tinham de se sentar à mesa e propôs deslocar-se imediatamente ao Irão para retomar as inspeções, mas até agora não recebeu qualquer resposta.
O Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, justificou o rompimento da cooperação do Irão com a AIEA com "a conduta injustificada, não construtiva e destrutiva" do chefe da agência da ONU.
"A opinião do Governo, da Assembleia Consultiva Islâmica e da nação iraniana é que o diretor-geral da AIEA não agiu de forma imparcial em relação ao programa nuclear do nosso país", disse Pezeshkian.
Segundo um comunicado do gabinete do Presidente do Irão, Pezeshkian fez os comentários sobre o chefe da AIEA, Rafael Grossi, durante uma conversa telefónica que manteve no domingo à noite com o homólogo francês, Emmanuel Macron.
Em resposta, A França, a Alemanha e o Reino Unido condenaram as ameaças contra o diretor-geral da AIEA e reiteraram total apoio à agência da ONU e a Rafael Grossi.
"Exortamos o Irão (...) a tomar todas as medidas necessárias para garantir a segurança do pessoal da AIEA", escreveram numa declaração conjunta os chefes da diplomacia francesa, Jean-Noel Barrot, alemã, Johann Wadephul, e britânica, David Lammy.
Os três ministros dos Negócios Estrangeiros apelaram também às autoridades iranianas para que se abstenham "de qualquer medida destinada a pôr termo à cooperação com a AIEA".