"Os combustíveis fósseis são a principal causa da crise climática, que provocou esta onda de calor mortífera”, relembrou esta quarta-feira em comunicado o coletivo Climáximo, culpando as petrolíferas - e, em particular, a Galp - pelas consequências do calor que se fez sentir ao longo do último mês.

Para "denunciar a sua culpa [da Galp] num verdadeiro massacre”, o coletivo invadiu a sede da Galp e deixou espalhadas pelo chão do átrio 284 cruzes que representam as 284 pessoas que morreram a mais face ao esperado durante “a onda de calor que assolou Portugal entre o final de Junho e o início de Julho".

Anne Morrison, de 70 anos, assume-se apoiante do Climáximo e porta-voz da ação e sublinha que "a onda de calor que sufocou o país, bem como vários outros países da Europa, não foi uma mera anomalia meteorológica".

"Em Portugal, a Direção Geral da Saúde estimou que tenham morrido mais 284 pessoas do que o esperado - portanto, a somar ao número já esperado face às temperaturas elevadas. Estas pessoas não são apenas estatísticas: são avós, pais, amigos, vizinhos, membros de comunidade.”

Para a porta-voz, “este número devia chocar-nos a todos enquanto sociedade”.

“Declararam guerra às pessoas e ao planeta”, sublinha porta-voz da ação

O coletivo aponta ainda que “este massacre não aconteceu apenas em Portugal” e recordou que se estima que “o calor extremo tenha matado 2.300 pessoas em 12 cidades diferentes da Europa".

Ana Morrison afirma que “há que chamar os bois pelos nomes” e as “petrolíferas sabem dos efeitos desastrosos da exploração de petróleo há várias décadas, alertadas por dezenas de relatórios científicos”. Ainda assim, e mesmo vendo “as consequências da crise climática - como o aumento extremo das temperaturas - a desenrolar-se perante os nossos olhos”, a porta-voz sublinha que a Galp “lucra milhões para o bolso dos acionistas e, em plena década crucial para a ação climática, abre novos poços de petróleo (como o caso da exploração na Namíbia)”.

“Nós não pedimos nem reivindicamos nada: eles declararam guerra às pessoas e ao planeta e se não forem travados continuarão a lucrar à nossa custa. O nosso apelo é à sociedade portuguesa: não podemos consentir com esta injustiça profunda. Eles estão a destruir o nosso futuro, o futuro dos nossos filhos e dos nossos netos. Temos de lutar por uma sociedade justa num planeta habitável, juntos ", concluiu.