O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, recandidato nas autárquicas de outubro, reafirmou hoje a independência do seu projeto, mas assumiu que "todo o apoio é bem-vindo" e que o do PSD reconhece as "políticas sociais-democratas" do município.

Na terça-feira, o PSD anunciou ter decidido em Comissão Política Nacional o seu apoio à candidatura do autarca -- que já presidiu a este município do distrito de Lisboa eleito pelo partido - a um terceiro mandato consecutivo, nas eleições de 12 de outubro.

"A minha candidatura é independente e é com base nela que queremos manter a confiança dos oeirenses, mas naturalmente que todo o apoio à bem-vindo e este apoio do PSD significa que o partido se revê nas políticas sociais-democratas que têm sido desenvolvidas por este movimento independente ao longo dos últimos anos", afirmou Isaltino Morais, numa declaração escrita à agência Lusa.

Isaltino Morais, que foi também ministro das Cidades, ordenamento do Território e Ambiente, foi eleito presidente da Câmara de Oeiras pela primeira vez em 1985, nas listas do PSD, renovando o mandato nas eleições de 1989, 1993, 1997 e 2001.

Em 2005 (quando era arguido num processo judicial) e 2009 voltou a vencer a Câmara de Oeiras, já como independente, mas interrompeu o mandato em 2013 para cumprir pena, depois de ter sido condenado a dois anos de prisão por fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Em 2017 -- meses após ter confirmado que foi convidado pelo PSD para integrar as listas do partido, o que recusou - recandidatou-se novamente ao município como independente e voltou a ganhar, tal como nas eleições de 2021.

Devido à lei da limitação de mandatos, as autárquicas deste ano serão as últimas a que poderá concorrer no município.

Isaltino Morais esteve no Governo PSD/CDS-PP entre 2002 e 2003, quando deixou o executivo por considerar não ter condições para exercer cargos políticos, na sequência da investigação de que estava a ser alvo por contas bancárias não declaradas na Suíça.

Em 2005, pediu a desfiliação do PSD, que não apoiou a sua candidatura em Oeiras às autárquicas desse ano, sob a liderança de Marques Mendes.

A confirmação da sua candidatura em 2017 ocorreu depois de já ser conhecido o nome do cabeça de lista social-democrata, Ângelo Pereira: "Tinha expectativa em relação ao PSD, por ser um partido liderante, mas curiosamente não parece arranjar candidatos às câmaras municipais. O PSD não tem mostrado vocações para as câmaras municipais", considerou.

Nas autárquicas de 2021, o presidente da Comissão Política do PSD/Oeiras, estrutura que tinha então declarado apoio à candidatura de Isaltino Morais à liderança do município, demitiu-se depois de a Comissão Política Permanente do partido ter contrariado a decisão.

Armando Cardoso Soares -- que tinha sido adjunto do independente e hoje é vereador no executivo municipal - referiu na altura que a sua estratégia para reforçar a social-democracia no concelho não tinha sido vencedora, vendo nesse ano de eleições "a oportunidade para unir formalmente militantes e independentes, que, na prática, sempre mantiveram laços de amizade, companheirismo e de identificação ideológica".

Também nas autárquicas de 2005, recordou Armando Cardoso Soares, as duas secções sociais-democratas existentes então no concelho (Oeiras e Algés) validaram o nome de Isaltino Morais, sufragado na distrital, e viram a escolha ser vetada pela comissão política nacional, que indicou Teresa Zambujo como cabeça de lista.