
"Já passam seis meses e não há salários. A pergunta que colocámos ao Governo é: como é que os combatentes vão sobreviver e sustentar as suas famílias?", questionou Majibire.
O secretário-geral da Renamo falava na segunda-feira num encontro com antigos guerrilheiros abrangidos pelo processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).
André Majibire avançou que, ao abrigo do DDR, os combatentes desmobilizados devem receber uma pensão de sobrevivência paga pelas Nações Unidas, através do Governo moçambicano, durante um ano.
Após esse período, os antigos guerrilheiros passam a receber uma pensão vitalícia do Estado moçambicano, explicou o secretário-geral da Renamo.
André Majibire apelou aos antigos guerrilheiros para aguardarem com calma pela resolução do problema, tendo prometido que o partido irá contactar o executivo e as Nações Unidas para obter esclarecimentos à volta do assunto.
"A primeira proposta que vamos levar é que as Nações Unidas devem retomar, esta semana, o pagamento dos subsídios, por um prazo indeterminado, até que as pensões dos desmobilizados sejam regularizadas", avançou o secretário-geral da Renamo.
Durante o encontro, os antigos combatentes narraram que passam por enormes dificuldades para cuidar das suas famílias, recorrendo, muitas vezes, a dívidas para poderem sobreviver.
"Este processo [DDR] está a ser uma pedra no sapato, porque ficámos felizes com o que nos foi prometido na altura, mas a realidade é outra", afirmou Joanito Muava, um antigo guerrilheiro.
O DDR é parte do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado em 06 de agosto de 2019 em Maputo pelo atual Presidente da República, Filipe Nyusi, e pelo líder da Renamo, Ossufo Momade.
O entendimento foi o terceiro entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Renamo, tendo os três sido assinados na sequência de ciclos de violência armada entre as duas partes.
No âmbito do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, pouco mais de metade dos cerca de cinco mil guerrilheiros da Renamo foram abrangidos pelo DDR, sendo que alguns foram incorporados nas Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas.
O acordo é contestado por um grupo dissidente daquele partido de oposição autoproclamado Junta Militar da Renamo, ao qual são atribuídos ataques a alvos civis e do Estado no centro do país, com um saldo pelo menos 30 mortos, desde agosto de 2019.
O grupo, chefiado por Mariano Nhongo, um general da guerrilha da Renamo, acusa a atual liderança do partido de ter traído os ideais do falecido presidente da organização Afonso Dhlakama nos compromissos que assumiu com a liderança do executivo da Frelimo.
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