O Farol da Guia é um dos monumentos incluídos no centro histórico de Macau, classificado como Património da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Para a ANM, o prédio de 90 metros de altura "não segue os princípios de legalidade, justiça, transparência e promoção da participação pública estipulados na Lei de Planeamento Urbano". Ou seja, concluiu, "o projeto é ilegal", razão pela qual o caso deveria ser investigado, obrigando à suspensão do processo urbanístico.

A associação lembrou, em comunicado, que durante a consulta pública quase 80% das opiniões contestavam o projeto.

Além da queixa administrativa no Comissariado contra a Corrupção, realizada na terça-feira, a NMA também defendeu que a Direção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes "deve tomar a iniciativa de retirar o projeto", pode ler-se na mesma nota.

Na passada semana, o Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia já tinha alertado mais uma vez para a necessidade de se proteger "a integridade visual e as principais linhas de visão do Farol da Guia" e para a necessidade de se tomarem medidas "para reduzir a altura de edifícios inacabados, edifícios em construção e edifícios a serem construídos adjacentes".

Uma preocupação que já em junho levara o mesmo grupo a enviar uma carta para a UNESCO sobre o mesmo assunto.

O centro histórico de Macau foi inscrito na lista do Património da Humanidade da UNESCO em 15 de julho de 2005, tendo sido designado como o 31.º local do Património Mundial da China.

A classificação integra vários edifícios históricos construídos pelos portugueses, incluindo o edifício e largo do Leal Senado, a Santa Casa da Misericórdia, as igrejas da Sé, de São Lourenço, de Santo António, de Santo Agostinho, de São Domingos, as Ruínas de São Paulo e Largo da Companhia de Jesus ou o Farol da Guia.

Em 2017, o Comité do Património Mundial da UNESCO criticou o Governo de Macau, pelo "possível impacto de empreendimentos de grande altura nas paisagens do Farol da Guia e da Colina da Penha, assim como as crescentes preocupações sobre a falta do Plano de Salvaguarda e Gestão poderão ter sérias consequências" para a "Declaração de Valor Universal Excecional" do Centro Histórico.

Exigido pela UNESCO em 2013, o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico devia ter sido entregue até 01 de fevereiro de 2015, o que não aconteceu até hoje.

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