Cascais, Lisboa, 14 ago (Lusa) - Jorge Brito faz sandálias por medida há 16 anos e, apesar de o volume de trabalho não ser o mesmo de outros tempos, ainda tem de "dar corda aos sapatos" para responder às encomendas.

Recebe pedidos novos todas as semanas e demora cerca de um dia e meio para confecionar um sapato.

Apesar de a profissão de sapateiro-artesão, com sapatos feitos por medida, estar a cair em desuso, Jorge Brito, que tem a sua loja no Estoril, Cascais, assegura que não faltam clientes.

"Ultimamente vão-me procurando mais, porque sabem que eu faço [sapatos] por medida e pedem-me para fazer um modelo diferente, para tapar os dedos mais feios, por exemplo", disse à Lusa.

Com cerca de quatro pedidos por semana para criar novos sapatos, o artesão reconhece que a profissão não fará de si rico, mas "chega para pagar as contas" e, sobretudo, fazer o que gosta.

"Vai havendo uma quebra [na procura], mas tenho sempre trabalho", afirmou.

Especializado na confeção de sandálias, admite que não foi ensinado e que a sua arte de fazer sapatos "é um dom". O processo é "simples" e os primeiros passos passam pela escolha do modelo e pela recolha das medidas ao pé do cliente.

"Começa-se pela palmilha e depois ponho as peles e é coser, pôr os botões rápidos, a cola e, por fim, a sola", descreveu.

Os materiais são todos nacionais e o preço da sandália mais barata é de 50 euros.

Jorge Brito nunca recebeu nenhum pedido "estranho" e contou que as pessoas não fazem grandes exigências.

Desde junho, expõe e vende os seus modelos na Feira do Artesanato do Estoril (FIARTIL), uma época que ajuda a melhorar as vendas.

"Tenho clientes que vêm especificamente procurar-me, porque foram indicados por uma amiga que me comprou um modelo no ano passado", contou.

A FIARTIL, a feira de artesanato mais antiga de Portugal, reúne centenas de artesãos que mostram ao vivo técnicas e tradições de artesanato ancestrais e contemporâneas. Este ano, abriu a 25 de junho e termina a 06 de setembro.

MYDM // ROC

Lusa/fim