
O acordo, negociado durante os últimos dois meses sob mediação da Turquia e das Nações Unidas, ainda não foi apresentado, mas, a poucas horas da assinatura - marcada para as 14:30 (hora de Lisboa) no Palácio Dolmabahçe na cidade turca de Istambul, na presença do secretário-geral da ONU, António Guterres -, algumas condições já são conhecidas.
Alguns pontos já conhecidos do acordo, segundo a agência France-Presse (AFP):
+++ Terá um centro de coordenação e controlo em Istambul +++
Será dirigido por representantes das partes envolvidas: um ucraniano, um russo, um turco e um representante da ONU, auxiliados pelas suas respetivas equipas.
Estes delegados serão responsáveis por estabelecer o cronograma de rotação de navios no Mar Negro. Segundo os especialistas envolvidos na negociação, ainda são necessárias três a quatro semanas para finalizar os detalhes e torná-lo operacional.
+++ Serão feitas inspeções na Turquia à partida e chegada +++
A inspeção dos navios que transportam os cereais é uma exigência de Moscovo, que quer garantir que os navios não irão servir para entregar armas à Ucrânia.
Estas inspeções não terão lugar no mar, por razões práticas, mas sim na Turquia, provavelmente em Istambul, que tem dois grandes portos comerciais, na entrada do Bósforo (Haydarpasa) e no mar de Mármara (Ambarli).
Conduzidas por representantes das quatro partes envolvidas na elaboração do acordo, serão realizadas tanto à saída como à chegada dos navios.
+++ Navios viajarão por corredores seguros +++
Os russos e os ucranianos comprometem-se a manter corredores marítimos no Mar Negro livres de qualquer atividade militar.
De acordo com o acordo, se for necessário proceder a uma desminagem, esta será realizada por um "país terceiro" -- nenhum dos três envolvidos -- que ainda não foi especificado.
Quando partirem da Ucrânia, os navios serão escoltados por embarcações ucranianas (provavelmente militares) até estar fora das águas territoriais ucranianas.
+++ Terá duração de quatro meses, mas é renovável +++
O acordo será assinado para estar em vigor nos quatro meses seguintes, mas será renovado automaticamente.
O prazo inicial foi calculado tendo em conta que estão 20 a 25 milhões de toneladas de cereais nos silos dos portos ucranianos. Se forem exportados oito milhões de toneladas por mês, este período de quatro meses será suficiente para retirar o que já está armazenado.
+++ Terá uma contrapartida para cereais e fertilizantes russos +++
Um memorando de entendimento deverá acompanhar este acordo, garantindo que as sanções ocidentais contra Moscovo não incidirão direta ou indiretamente em cereais e fertilizantes.
Esta foi uma exigência da Rússia, que a tornou condição 'sine qua non' para a assinatura do acordo.
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